Zdenka era uma dos quatro filhos de um casal judeu que morava em Kolinec, um município no sudoeste da Boêmia, perto da fronteira alemã. Seu pai era fazendeiro e vendedor de lenha e grãos. Situada aos pés da Floresta da Boêmia, Kolinec era cercada por verdes morros ondulantes. Zdenka cursou a escola de administração no município vizinho de Klatovy e, em 1927, mudou-se para Praga para trabalhar e foi viver com seu tio.
1933-39: Lembro-me de como minha mãe ficou preocupada com o crescimento do anti-semitismo na alemanha em 1932. Após escutar uma transmissão de rádio sobre a Alemanha, ela nos disse: "Algo terrível vai acontecer com o povo judeu". Minha irmã e eu respondemos: "Não na Tchecoslováquia! Aqui há uma democracia!". No outono de 1938, as potências ocidentais permitiram que a Alemanha anexasse os Sudetos [região que pertencia à Tchecoslováquia] e, no dia 15 de março de 1939, os alemães ocuparam a Boêmia.
1940-44: Em 1942, fui deportada para Theresienstadt, o "gueto modelo" que os nazistas usavam para mostrar ao mundo exterior o tratamento "humano" que davam aos judeus. Uma vez, havia uma equipe de filmagem alemã no gueto e, quando passei por eles, eles me expulsaram dali pois só queriam filmar pessoas com traços grosseiros e de nariz grande – somente pessoas que se enquadrassem no estereótipo que tinham dos judeus. Em julho de 1944, os nazistas deixaram a Cruz Vermelha inspecionar o gueto mas, antes daquela visita, eles organizaram um projeto de embelezamento. Parques e escolas fictícias foram montados, e equipes de filmagem gravaram a "beleza" do gueto.
Em 1944, Zdenka foi deportada para o campo de Oederan, onde trabalhou em uma fábrica de munições. Os prisioneiros daquele campo tiveram que marchar até Theresienstadt, de onde foram libertados pelos aliados em maio de 1945.
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