Ítens 1 até 5 de 5
: Hela Los, Jozef Wilk, Mendel Rozenblit, Vladka (Fagele) Peltel Meed descreve como assistiu, de um prédio localizado fora do gueto, ao incêndio do gueto da Varsóvia, Benjamin (Ben) Meed descreve o incêndio do gueto de Varsóvia durante a revolta daquele gueto em 1943
Hela, uma dentre os nove filhos de uma família judaica, cresceu em Varsóvia, capital da Polônia. Seu pai era dono de um antiquário, que vendia objetos de arte e mobiliário, situado na rua Marszalkowska. Todos os anos, desde o início das ferias de verão até as Grandes Festas judaicas [entre o início do ano novo judaico, Rosh Hoshanah e o Dia do Perdão, Yom Kipur] no outono, a família ia de trem para a cidade de Miedzeszyn, a uma curta distância de Varsóvia, onde passava as ferias.
1933-39: Nós ainda estávamos em nossa casa de férias quando os alemães invadiram Varsóvia, no dia 28 de setembro de 1939. Tão logo foi possível, retornamos a Varsóvia a pé, apenas para nos deparar com nossa casa parcialmente destruída. Naquele inverno, os alemães confiscaram as empresas de propriedade de judeus, e então meu pai registrou sua propriedade em nome de nosso afinador de piano, um cristão, o qual nos trazia o dinheiro das vendas da loja.
1940-45: Em 1941, os alemães confinaram os judeus de Varsóvia em um gueto. Eu fui obrigada a costurar uniformes nazistas na fábrica de Többens and Schultz [conglomerado têxtil nazista que fazia uniformes para os alemães], mas sete de meus irmãos e irmãs não tiveram sorte e foram deportados [para a morte] como “trabalhadores não-qualificados”. Em 1943, após tomar conhecimento de que uma revolta estava sendo planejada, meus pais, meu irmão e eu nos escondemos em nosso telhado e ficamos aguardando os acontecimentos. Os alemães jogaram granadas nos subsolos dos abrigos feitos pelos judeus; em poucos dias, o fogo começou a ameaçar o local onde nos escondíamos. Minha família conseguiu escapar a tempo, mas outros não tiveram a mesma sorte – eles tiveram que se jogar dos telhados e muitos quebraram suas pernas.
Após alguns dias, Hela e o que sobrou de sua família, foram deportados para os campos de trabalho escravo. Em 1945, libertada de Bergen-Belsen, Hela, sua mãe e seu irmão seguiram para a área do Mandato Britânico [denominada Palestina pelos romanos no século 1 da E.C.].
Josef era o mais jovem dos três filhos de uma família católica romana na cidade de Rzeszow, no sul da Polônia. O pai de Josef era um oficial de carreira no Exército Polonês. Josef era excelente em esportes, e sua atividade favorita era a ginástica. Ele também estudava piano.
Josef tinha 14 anos quando os alemães atacaram a Polônia no dia 1 de Setembro de 1939. Aquela invasão o afetou profundamente. Havendo sido criado no seio de uma família patriota, ele havia aprendido a amar e a defender sua pátria. Os alemães começaram a bombardear Varsóvia, a capital polonesa, mas ele era muito jovem para poder unir-se ao exército [polonês]. Os alemães chegaram a Rzeszow no dia 10 de setembro, um domingo. Josef então partiu para Varsóvia, onde foi viver junto a duas irmãs mais velhas.
1940-43:Em Varsóvia, Josef tornou-se sapeador [observador que não toma parte direta nas atividades] de uma unidade especial do movimento de resistência polonesa. Seu codinome era “Orlik”. No dia 19 de abril de 1943, durante a revolta do gueto de Varsóvia, sua unidade recebeu ordens para explodir e abrir uma parte do muro que cercava o mencionado gueto para que os jueus pudessem escapar. Conforme sua unidade se aproximava com explosivos e armas sob seus casacos das muralhas na rua Bonifraterska, seu amigo “Mlodek” tropeçou e sua pistola caiu acidentalmente no chão. Um policial nazista viu a pistola e abriu fogo. O local tornou-se caótico. As unidades alemãs abriram fogo antes que o grupo de Josef pudesse chegar ao muro. Josef e “Mlodek” foram mortos. Sua unidade recuou e detonou os explosivos, fazendo com que os corpos dos dois explodissem de tal forma que ficaram irreconhecíveis. Josef tinha apenas 18 anos de idade.
Mendel era um dos seis filhos de uma família judia religiosa. Quando Mendel tinha pouco mais de 20 anos, ele se casou e foi morar na cidade natal de sua esposa, Wolomin, perto de Varsóvia. Uma semana após o nascimento de seu filho Avraham, a mulher de Mendel faleceu. Desolado com a morte de sua jovem parceira, e sózinho para cuidar de um recém nascido, Mendel casou-se então com sua cunhada Perele.
1933-39: Em Wolomin, Mendel administrava uma pequena madeireira. Em 1935, os Rozenblit tiveram uma filha, Tovah. Ao atingirem a idade de estudar, Avraham e Tovah começaram a frequentar uma escola judaica, onde estudavam assuntos gerais em polonês e assuntos judaicos em hebraico. Avraham tinha 8 anos e Tovah tinha 4 quando os alemães invadiram a Polônia, em 1º de setembro de 1939.
1940-44: No outono de 1940, a família Rozenblit foi mandada para o gueto de Varsóvia. Durante o levante do gueto, em abril de 1943, Mendel e sua família conseguiram fugir para a periferia de Varsóvia. A família combinou que, se alguém se perdesse na confusão, eles se encontrariam em uma determinada fazenda. De repente, Avraham desapareceu. Perele saiu para procurá-lo e nunca mais foi vista. Mendel finalmente encontrou Avraham, sem sapatos, no local combinado. Pouco tempo depois, Mendel, Avraham e Tovah foram presos e deportados para Auschwitz.
Em Auschwitz, Mendel foi transformado em escravo e seus filhos foram envenenados na câmara de gás. Em 1947, Mendel emigrou para os Estados Unidos, onde iniciou uma nova família.
Vladka era membro do movimento juvenil Zukunft, ligado ao Partido Socialista Judaico, o Bund. Durante a Guerra, ela trabalhou ativamente no movimento de resistência do gueto de Varsóvia, como membro da Organização Judaica Combatente, ZOB. Em dezembro de 1942, ela conseguiu passar clandestinamente para o lado ariano [não judeu], de Varsóvia para obter armas e descobrir esconderijos para crianças e adultos. Ela tornou-se mensageira da resistência judaica e dos judeus que se refugiavam em campos, florestas e em outros guetos.
Ben era uma das quatro crianças nascidas em uma família judia religiosa. A Alemanha invadiu a Polônia no dia 1º de setembro de 1939. Depois que os alemães ocuparam Varsóvia, Ben decidiu fugir para o leste da Polônia que estava ocupado pelos soviéticos. Entretanto, ele logo decidiu voltar para sua família, que se encontrava no gueto de Varsóvia. Ben foi designado para um groupo de trabalho fora do gueto e ajudou a contrabandear pessoas para fora do gueto--incluindo Vladka (Fagele) Peltel, um membro da Organização Judaica Combatente (ZOB) que mais tarde viria a ser sua esposa. Depois disso, ele se escondeu fora do gueto e fingiu ser um polonês não-judeu. Durante a revolta do gueto de Varsóvia em 1943, Ben agiu com outros membros da resistência para resgatar os combatentes do gueto, tirando-os de lá através da rede de esgotos e escondendo-os no lado "ariano" de Varsóvia. Após a revolta, Ben conseguiu fugir de Varsóvia fingindo ser um não-judeu. Após a libertação, ele reencontrou seu pai, sua mãe e sua irmã mais nova.
Entre 1941 e 1943, surgiram movimentos de resistência contra os nazistas em aproximadamente 100 guetos na area da Europa Oriental ocupada pela Alemanha (quase um quarto de todos os guetos), especialmente na Polonia, Lituânia, Bielo-Rússia e Ucrânia. Os objetivos principais daquelas revoltas eram os de organizar revoltas e fugas, para unirem-se às unidades de partisans em sua luta contra os alemães.
Os judeus sabiam que suas revoltas não tinham materiais e pessoas suficientes para deter os alemães, e que somente uns poucos combatentes conseguiriam escapar e juntar-se aos partisans. Ainda assim, muitos judeus decidiram lutar contra a opressão. Armas, de pouca qualidade e em baixo númeroa, foram contrabandeadas para os guetos. Os prisioneiros dos guetos de Vilna, Mir, Lachva (Lachwa), Kremenets, Czestochowa, Nesvizh, Sosnowiec e Tarnow, entre outros, resistiram com violência quando os alemães iniciaram o processo de deportação da população dos guetos. Em Bialystok, em setembro de 1943, os membros da resistência organizaram um levante pouco antes da destruição final daquele centro de confinamento. A maioria dos combatentes, basicamente jovens de ambos os sexos, foi assassinada durante a luta.
O levante do gueto de Varsóvia, em abril de 1943, foi o maior levante realizado pelos judeus contra seus algozes. Centenas de judeus, sem a mínima condição de vencer, lutaram bravamente contra os alemães e seus colaboradores pelas ruas do gueto. Milhares de judeus se recusaram a obedecer às ordens dos alemães para se apresentarem em um ponto de encontro para serem deportados para os campos da morte. Não conseguindo vencer os judeus, os nazistas incendiaram o gueto para forçar que eles saíssem de seus esconderijos [e para pressionar a população de crianças, doentes e idosos que estavam incapacitados de lutar]. Embora soubessem que a derrota era certa, os judeus do gueto lutaram desesperada e corajosamente até o fim.
RESISTÊNCIA NOS CAMPOS
Sob as mais adversas condições, os prisioneiros judeus conseguiram iniciar movimentos de resistências e levantes em alguns campos nazistas. Os israelitas que haviam trabalhado como escravos e haviam sobrevivido, apenas para serem enviados à morte, organizaram revoltas inclusive nos campos de extermínio de Treblinka, Sobibor e Auschwitz-Birkenau. Aproximadamente mil prisioneiros participaram de um levante em Treblinka. Em 2 de agosto de 1943, os judeus, com todas as formas de armas que puderam encontrar (picaretas, machados e algumas armas de fogo roubadas do arsenal) incendiaram o campo. Na confusão formada, cerca de duzentos prisioneiros enfraquecidos, doentes e famintos conseguiram escapar, mas os bem alimentados, bem armados e munidos alemães conseguiram recapturar e matar quase metade deles.
Foto de alguns dos participantes da revolta no campo de extermínio de Sobibor. Polônia. Foto de agosto de 1944.
Créditos:
US Holocaust Memorial Museum
Em 14 de outubro de 1943, os prisioneiros de Sobibor mataram onze guardas das SS e auxiliares da polícia e incendiaram aquele campo. Cerca de 300 prisioneiros escaparam atravessando o arame farpado que cercava aquela area de morte e dor, arriscando suas vidas na área minada ao redor daquele campo. Mais de 100 deles foram recapturados e sumariamente executados a tiros.
Em 7 de outubro de 1944, os prisioneiros enviados ao crematório IV em Auschwitz-Birkenau se rebelaram após descobrirem que seriam assassinados. Os alemães abafaram a rebelião e mataram quase todos dentre as centenas de prisioneiros que lutavam desesperadamente por suas vidas.
Outros levantes ocorreram nos campos de Kruszyna (1942), Minsk-Mazowiecki (1943) e Janowska (1943). Em dezenas de outros campos, os prisioneiros organizaram tentativas de fuga para se unir às unidades de resistência dos partisans. Algumas poucas foram bem-sucedidas, como, por exemplo a do campo de trabalhos forçados da rua Lipowa, em Lublin.
Apesar estarem absolutamente em desvantagem, com muito menos armas e com um menor número de resistentes, os judeus dos guetos e dos campos resistiram bravamente contra os alemães, mesmo sabendo que toda sua coragem e esforços não seriam suficientes para deter a política de genocídio nazista.
We would like to thank Crown Family Philanthropies, Abe and Ida Cooper Foundation, the Claims Conference, EVZ, and BMF for supporting the ongoing work to create content and resources for the Holocaust Encyclopedia.
View the list of all donors.