Shony nasceu no seio de uma família de judeus religiosos, em uma pequena cidade da Transilvânia. Ele começou aprender a tocar violino aos cinco anos de idade. Sua cidade foi ocupada pela Hungria em 1940 e pela Alemanha em 1944. Em maio de 1944, ele foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. De lá, foi transferido para o sistema de campos de concentração de Natzweiler na França e, em seguida, para Dachau, onde foi libertado pelas tropas dos EUA em abril de 1945. Em 1950, ele emigrou para os Estados Unidos e se tornou um compositor e violinista profissional.
Quando saí do alojamento, eu pensei que, quando chegasse a minha vez de me apresentar, eu iria tocar o que eu julgasse melhor. Iria tocar uma sonata de Dvorak, que [por ironia] posteriormente acabei por tocar na Radio de Munique, ou que iria tocar uma composição de Kreisler. Mas, quando eu vi o que vi [os dois prisioneiros mortos], já com o violino nas minhas mãos, me deu um branco total. Nada vinha à minha mente, e eu disse para mim mesmo: "Deus, como é que aquela sonata começa? Como é, como é, como é que aquela peça do Kreisler começa? Meu Deus, como, como qualquer peça começa?". Eu não conseguia pensar em nada. Eu então percebi, pelo canto dos olhos, que o Capo [prisioneiros que eram os feitores dos nazistas] assassino pegara seu cano de ferro de novo e vinha em minha direção. Eu sabia que seria morto, eu sabia. Então, de repente, a minha mão direita e a minha mão esquerda começaram a se mexer em perfeita harmonia, e o “Danúbio Azul”, de Strauss, estava saindo do meu violino. Mas como? Eu nunca pensei em tocar “Danúbio Azul”. Nunca. Eu já havia ouvido a música, na verdade, eu até odeio admitir isto, mas eu nunca nem mesmo a havia tocado. Eu a havia escutado tocada pelos ciganos e pelo meu irmão, que era um acordeonista fantástico do seu grupo [de música] do ensino médio. Mas tocar, eu nunca havia tido sequer permissão para tocar algo que não fosse clássico. O Capo olhou ansiosamente para o oficial das SS e perguntou: "Posso bater nele? Posso acertá-lo?". Em vez disto, o nazista das SS estava cantarolando a melodia, e tamborilando o ritmo com os dedos -- 1, 2, 3, 1, 2, 3. Então, ele sorriu e disse: "Deixe-o viver."
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