Fuzilamentos em Massa

Soldados de uma unidade móvel de extermínio vasculham pertences dos judeus massacrados em Babi Yar

Entre os anos de 1941 e 1944, membros das forças das SS e da polícia nazista, das unidades militares alemãs, bem como colaboradores localmente  recrutados, assassinaram mais de 2 milhões de judeus que viviam na União Soviética (fronteiras de 1941) através de operações de fuzilamento em massa.

Os alemães mobilizaram quatro Einsatzgruppen (unidades móveis, do porte de um batalhão, do Escritório Central de Segurança do Reich), dezenas de batalhões policiais e unidades das SS Militares (Waffen SS) na área da União Soviética por eles ocupada.  Eles iniciaram as assim chamadas “ações de pacificação”, dando prioridade ao aniquilamento dos judeus soviéticos nas operações de fuzilamento em massa.

Das vítimas judias do Holocausto, cerca de 40% foram mortas nestes eventos de fuzilamento em massa.

O confisco de propriedade e a pilhagem constituíam aspectos integrais do processo de fuzilamento em massa. Logo após os massacres, as propriedades judaicas que não eram diretamente confiscadas pelos alemães, era leiloada, distribuída ou saqueada pelos antigos vizinhos dos judeus assassinados.

Os fuzilamentos eram filmados nos próprios locais em que aconteciam.  Eles eram eventos públicos e testemunhados pelas populações locais. Os alemães pressionaram muitos dos antigos vizinhos dos judeus para servirem como funcionários, coveiros, motoristas e cozinheiros dos nazistas para dar apoio a tais ações de assassinato em massa. Ainda hoje, milhares de restos mortais das vítimas da Alemanha nazista ainda estão dentro de centenas de valas comuns, especialmente na Letônia, na Lituânia, na Polônia, na Bielorússia, na Rússia, na Ucrânia, na Moldávia e na Romênia.

Os Einsatzgruppen 

Massacres cometidos pelas Unidades Móveis de Extermínio (Einsatzgruppen) na Europa Oriental

Os Einsatzgruppen eram esquadrões compostos principalmente por membros das SS alemãs e das forças policiais. Eles estavam sob o comando dos oficiais da Polícia de Segurança Alemã (Sicherheitspolizei; Sipo) e do Serviço de Segurança (Sicherheitsdienst; SD).  Os Einsatzgruppen tinham dentre suas tarefas o assassinato daqueles considerados inimigos, raciais ou políticos, encontrados atrás das linhas de combate alemãs na União Soviética ocupada pela Alemanha. Estas vítimas incluíam judeus, ciganos (Roma) e funcionários do Estado soviético e do Partido Comunista Soviético. Os membros dos Einsatzgruppen também assassinaram milhares de internos em instituições para deficientes físicos e mentais. Muitos estudiosos acreditam que o assassinato sistemático dos judeus pelos membros dos batalhões dos Einsatzgruppen e da Polícia da Ordem (Ordnungspolizei) na União Soviética ocupada foi o primeiro passo no programa de "Solução Final", i.e. o programa nazista para assassinar todos os judeus europeus.

Durante a invasão da União Soviética em junho de 1941, os Einsatzgruppen seguiam o exército alemão à medida que este penetrava no território soviético. Os Einsatzgruppen, muitas vezes tinham o apoio da policial local e da população civil na realização das operações de assassinato em massa. Em contraste com os métodos posteriormente instituídos para a  deportação dos judeus de suas cidades, aldeias ou guetos para os centros de extermínio, os membros dos Einsatzgruppen iam diretamente até as comunidades onde viviam judeus e lá mesmo os massacravam. O exército alemão fornecia apoio logístico aos Einsatzgruppen, tais como suprimentos, transporte, habitação e, ocasionalmente, mão-de-obra, na forma de unidades de guarda e transporte de prisioneiros. No início, os membros dos Einsatzgruppen atiravam principalmente contra judeus do sexo masculino.  No entanto, no final do verão de 1941, onde quer que os Einsatzgruppen chegassem, seus membros atiravam indiscriminadamente contra homens, mulheres e crianças judias,  não levando em conta idade ou sexo, e os enterraram em valas comuns. Muitas vezes, com a ajuda de informantes e intérpretes locais, os judeus de uma determinada localidade eram identificados e levados para os pontos de coleta. Depois disso, eles tinham que marchar ou eram transportados por caminhão até o local da execução, onde as valas já haviam sido abertas. Em vários casos, as vítimas eram obrigadas a cavar suas próprias sepulturas. Depois que elas eram obrigadas a entregar aos nazistas seus objetos de valor e a se despir, homens, mulheres e crianças eram baleados, seja em pé diante da vala aberta, ou deitados de bruços na vala já aberta. O fuzilamento foi a forma mais comum de massacre utilizada pelos membros das Einsatzgruppen. No entanto, no final do verão de 1941, Heinrich Himmler, ao observar o impacto psicológico negativo que os fuzilamentos em massa produziam em seus homens, solicitou que fosse desenvolvido um método mais conveniente para se matar em massa. O resultado foi a criação de uma van a gasolina, a qual era na realidade uma câmara de gás móvel colocada sobre o chassis de um caminhão de carga, o qual utilizava o monóxido de carbono do escapamento do caminhão para matar as vítimas presas dentro das vans herméticamente fechadas.  Os furgões de gás fizeram sua primeira aparição na frente leste no final do outono de 1941, e foram eventualmente utilizados, juntamente com os fuzilamentos para matar judeus e demais vítimas na maioria das áreas onde os Einsatzgruppen operavam.

Os Einsatzgruppen que seguiam o exército alemão enquanto este adentrava a União Soviética eram compostos por quatro grupos operacionais, cada um com o porte de um batalhão.

O Einsatzgruppe A - seguiu da Prússia Oriental, através da Lituânia, Letônia e Estônia, em direção a Leningrado (atualmente São Petersburgo). Seus membros massacraram os judeus das cidades de Kovno, Riga e Vilna.

O Einsatzgruppe B - seguiu de Varsóvia, na Polônia ocupada, e espalhou-se pela Bielorrússia, em direção às cidades de Smolensk e Minsk, massacrando os judeus das cidades de  Grodno, Minsk, Brest-Litovsk, Slomim, Gomel e Mogilev, dentre outras.

 O Einsatzgruppe C - iniciou suas operações na Cracóvia (Polônia) e se espalhou pelo oeste da Ucrânia em direção a Kharkov e Rostov-on-Don.  Seus membros efetuaram massacres nas cidades de Lvov, Tarnopol, Zolochev, Kremenets, Kharkov, Zhitomir e Kiev, onde, notóriamente em apenas dois dias, no final de setembro de 1941, unidades do Einsatzgruppen 4a massacraram 33.771 judeus da cidade de Kiev, na ravina de Babi Yar. 

O Einsatzgruppe D era o que operava mais ao sul dentre as quatro unidades. Seus membros efetuaram massacres no sul da Ucrânia e da Criméia, especialmente nas cidades de Nikolayev, Kherson, Simferopol, Sevastopol, Feodosiya, e na região de Krasnodar. 

Meninas Posam em um Quintal na Cidade de Eisiskes

Os Einsatzgruppen recebiam muita colaboração dos soldados alemães e de outras nacionalidades dos países do Eixo, de colaboradores locais e de outras unidades das SS. Os membros dos Einsatzgruppen eram oriundos das SS, Waffen SS (formações militares das SS), SD, Sipo, Polícia da Ordem, e de outras unidades policiais.  Na primavera de 1943, os batalhões dos Einsatzgruppen e da Polícia da Ordem já haviam assassinado mais de um milhão de judeus soviéticos, dezenas de milhares de políticos soviéticos, seus partidários, ciganos e pessoas com deficiência física ou mental institucionalizadas. Os métodos de assassinato móvel, particularmente os fuzilamentos, mostraram-se cansativos e psicologicamente “pesados” ​​para os assassinos.

Ao mesmo tempo em que as unidades dos Einsatzgruppen levavam a cabo suas operações de morte, as autoridades alemãs davam início ao planejamento e a construção de instalações estacionárias especializadas no sufocamento de grandes números de pessoas através de uso de gás em locais de extermínio centralizados, de forma a assassinar cada vez mais grandes quantidades de judeus.