Jewish refugees in Lisbon, including a group of children from internment camps in France, board a ship that will transport them to ...

Os Refugiados

Passengers aboard the "St. Louis." These refugees from Nazi Germany were forced to return to Europe after both Cuba and the US denied ...

A bordo do navio "St. Louis": foto de refugiados da Alemanha nazista que procuraram abrigo em Cuba e nos Estados Unidos, mas que foram forçados a retornar à Europa depois que aqueles países lhes negaram asilo. Maio ou junho de 1939.

Créditos:
  • US Holocaust Memorial Museum

Entre a ascensão nazista ao poder, em 1933, e a rendição da Alemanha nazista, em 1945, mais de 340.000 judeus deixaram a Alemanha e a Áustria. Tragicamente, quase 100.000 deles encontraram refúgio em países que posteriormente foram conquistados pela Alemanha, e as autoridades daquele país deportaram e mataram a grande maioria daqueles que tentaram fugir do nazismo.

Após a anexação da Áustria pela Alemanha, em março de 1938, e, principalmente, após os violentos massacres de Kristallnacht, a Noite dos Cristais, entre 9 e 10 de novembro de 1938, as nações da Europa ocidental e das Américas temiam que uma grande massa de refugiados batesse às suas portas. Entre março de 1938 e setembro de 1939 um total de 120.000 imigrantes judeus tentou emigrar para os Estados Unidos , mas apenas 80.000 conseguiram fazê-lo pois o número de imigrantes aceitos era muito menor do que o número de pessoas em busca de refúgio. No final de 1938, 125.000 candidatos faziam fila nas portas dos consulados norte-americanos na Europa, na esperança de obter um dos 27.000 vistos permitidos dentro da cota de imigração existente. Em junho de 1939, o número de candidatos já era de mais de 300.000 mas a maioria deles não obteve êxito. Na Conferência de Evian, em julho de 1938, apenas a República Dominicana declarou estar preparada para receber um grande número de refugiados; e a Bolívia, que na época não se manifestou, acabou por admitir mais de 20.000 imigrantes judeus entre 1938 e 1941.

Em um evento altamente noticiado entre maio e junho de 1939, os Estados Unidos se recusaram a receber mais de 900 refugiados judeus que haviam cruzado o oceano no navio St. Louis. partindo de Hamburgo, na Alemanha em busca de salvação. Os passageiros do St. Louis, que acreditaram ter obtido vistos de trânsito em Cuba, onde aguardariam a aprovação de seus vistos norte-americano, no último momento não obtiveram permissão para desembarcar, e o navio então inicou uma jornada desesperada em busca de abrigo,mas ao aproximar-se da costa da Flórida não obteve permissão das autoridades norte-americanas para atracar. Sem permissão para aportar nos Estados Unidos, o navio foi forçado a retornar à Europa, onde navegou por alguns países para os quais os refugiados imploravam refúgio. A Grã-Bretanha, a França, a Holanda e a Bélgica acabaram por aceitar alguns dos passageiros como refugiados, e os restantes tiveram que retornar para a Alemanha. Sabe-se que dos 908 passageiros do St. Louis que retornaram à Alemanha, 254 (quase 28%) morreram no Holocausto; 288 refugiaram-se na Grã Bretanha; e dos 620 que foram forçados a retornar à Europa central, 366 (pouco mais de 59%) sobreviveram à Guerra.

Mais de 60.000 judeus alemães imigraram para a terra de seus ancestrais no Mandato Britânico, a então Palestina, durante a década de 1930, a maioria sob os termos do Acordo Haavara (Transferência). Este acordo entra a Alemanha e as autoridades judaicas que viviam sob o Mandato Britânico facilitou a emigração dos judeus para a região na época. O maior obstáculo da emigração dos judeus da Alemanha para o Mandato era a legislação alemã que proibia a exportação de moeda estrangeira, fazendo com que assim os refugiados não pudessem vender seus bens e trocar o dinheiro adquirido por para outras moedas, como o dólar ou a libra britânica. Segundo o acordo, os judeus se desfariam de seus bens Alemanha de modo organizado, e o dinheiro resultante seria transferido para o Mandato Britânico através de produtos alemães para lá exportados.

German Jewish refugees disembark in the port of Shanghai, one of the few places without visa requirements.

Refugiados judeus alemães desembarcando no porto de Xangai, um dos poucos locais que não exigiam visto de entrada. Xangai, China, 1940.

Créditos:
  • Leo Baeck Institute

Para dificultar ainda mais a emigração judaica em busca de salvação de suas vidas, em maio de 1939 o parlamento britânico aprovou uma declaração política denominada White Paper, que determinava medidas que limitavam rigorosamente a entrada de judeus em seu Mandato no Oriente Médio. À medida que diminuia o número de países dispostos a aceitar os refugiados, dezenas de milhares de judeus alemães, austríacos, e poloneses emigraram para Xangai, na China, um destino que não exigia visto. A Área de Reassentamento Internacional em Xangai, na época sob controle japonês, recebeu 17.000 judeus.

Durante o segundo semestre de 1941, enquanto notícias não confirmadas de assassinatos em massa cometidos pelos nazistas chegavam ao Ocidente, o Departamento de Estado Norte-Americano estabelecia limites no número de imigrantes ainda mais rígidos, baseados em alegações de segurança nacional. Apesar das restrições britânicas, durante a Guerra alguns judeus entraram na região do Mandato Britânico através de imigrações "ilegais", a chamada Aliyah Bet. A Grã-Bretanha limitou a entrada de imigrantes entre 1938 e 1939 mas, ao mesmo tempo, o governo britânico permitiu a entrada na Inglaterra de cerca de 10.000 crianças judias, através do programa especial Kindertransport, Transporte de Crianças. Na Conferência das Bermudas, em abril de 1943, os Aliados não fizeram qualquer proposta concreta para resgate dos perseguidos pelo nazismo.

A Suíça acolheu aproximadamente 30.000 judeus que entraram no país, mas recusou quase o mesmo número em suas fronteiras. Cerca de 100.000 judeus conseguiram chegar até a Península Ibérica. A Espanha acolheu um número limitado de refugiados e, logo em seguida, enviou-os para o porto de Lisboa, em Portugal. De lá, milhares destes refugiados conseguiram embarcar rumo aos Estados Unidos entre 1940 e 1941, mas milhares de outros não conseguiram obter os vistos de entrada para os Estados Unidos.

Após a guerra, centenas de milhares de sobreviventes encontraram abrigo na Alemanha desnazificada, na Áustria, e na Itália, em campos administrados pelos Aliados. Nos Estados Unidos, as restrições à imigração ainda eram vigentes, embora a Diretiva Truman, de 1945, mandasse que fosse dada prioridade aos deslocados de guerra dentro do sistema, o que permitiu que 16.000 sobreviventes judeus entrassem nos Estados Unidos.

Major camps for Jewish displaced persons, 1945-1946

Após a Segunda Guerra Mundial, centenas de milhares de sobreviventes judeus permaneciam em campos para deslocados de guerra estabelecidos na Alemanha (ocupada pelos Aliados), na Áustria e na Itália. Os Aliados haviam criado aqueles campos para abrigar os refugiados que aguardavam a oportunidade de sair da Europa. A maioria dos sobreviventes judeus queria emigrar para a área do Mandato Britânico conhecida pelo nome que os romanos impuseram, Palestina, mas muitos deles preferiam ir para os Estados Unidos. Eles decidiram permanecer naqueles campos até poderem sair da Europa. No final de 1946, o número de judeus deslocados de guerra era estimado em 250.000, dos quais 185.000 estavam na Alemanha, 45.000 na Áustria e 20.000 na Itália. A maioria dos judeus era composta por refugiados poloneses, muitos dos quais haviam fugido dos alemães para o interior da União Soviética durante a Guerra. Outros sobreviventes judeus vivendo naqueles campos haviam vindo da Tchecoslováquia, da Hungria e da Romênia.

Créditos:
  • US Holocaust Memorial Museum

A imigração judaica para a área do Mandato Britânico no Oriente Médio, denominada em hebráico Aliyah, permaneceu extremamente restrita pelos ingleses, até que o Estado de Israel conseguiu obter sua independência em maio de 1948. Entre 1945 e 1948, milhares de sobreviventes do Holocausto tentaram entrar na região, mas as autoridades britânicas os encarceraram em campos de detenção na ilha de Chipre.

Com o estabelecimento do Estado de Israel, em maio de 1948, os sobreviventes começaram a fluir para o novo estado judeu soberano, onde não seriam mortos pelo fato de serem judeus, e cerca de 140.000 sobreviventes do Holocausto entraram em Israel nos anos seguintes. Entre 1945 e 1952, os Estados Unidos admitiram em seu território 400.000 sobreviventes do nazismo, deslocados de guerra, e entre eles 96.000, cerca de 24%, eram judeus.

A procura por um refúgio seguro marcou oss anos que precederam, durante, e após o Holocausto.

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