Sobreviventes de Mauthausen saúdam os soldados americanos que passam pelo portão principal daquela prisão. Esta fotografia foi tirada vários dias após a liberação do campo. Mauthausen, Áustria. 9 de maio de 1945.
Membros de uma organização de resistência formada por prisioneiros do campo de concentração de Buchenwald recebem os soldados americanos em frente à entrada daquele campo. Buchenwald, Alemanha. Foto tirada após o dia 11 de abril de 1945.
Foto de soldados americanos entrando no campo de concentração de Buchenwald logo após sua libertação. Buchenwald, Alemanha. Foto tirada após 11 de abril de 1945.
Em 1939, o irmão de Gerda foi deportado para o trabalho forçado. Em junho de 1942, a família de Gerda foi deportada do gueto de Bielsko. Enquanto seus pais eram transportados para Auschwitz, Gerda foi enviada para o sistema de campo de concentração Gross-Rosen, onde ela desempenhou trabalho forçado em fábricas têxteis até o final da guerra. Gerda foi libertada após uma marcha da morte, usando as botas de esqui que seu pai insistiu que a ajudariam a sobreviver.
Bella era a mais velha dos quatro filhos nascidos no seio de uma família judia em Sosnowiec. Seu pai era dono de uma malharia. Quando os alemães invadiram a Polônia, em 1939, eles se apossaram daquela fábrica. A mobília da família foi entregue [pelos nazistas] a uma mulher alemã. Bella foi levada para trabalhar como escrava em uma fábrica no gueto de Sosnowiec, em 1941. No final de 1942, a família foi deportada para o gueto de Bedzin. Bella foi deportada para o subcampo Graeben de Gross-Rosen em 1943 e em 1944 para Bergen-Belsen. Ela foi libertada em abril de 1945.
Em 1938 a família de Thomas mudou-se para Zilina, na Eslováquia. Entretanto, quando a "Guarda Eslovaca Hlinka", que apoiava Hitler, aumentou a perseguição contra os judeus, os húngaros e os tchecos naquela localidade, seus pais decidiram partir. Thomas e sua família foram para a Polônia, mas a invasão alemã, em setembro de 1939, os impediu de partir para a Grã-Bretanha, como planejavam. A família foi para a cidade de Kielce, onde, em abril de 1941, os nazistas criaram um gueto [para prender os cerca de 25 mil judeus daquela cidade]. Quando o gueto de Kielce foi destruído, em agosto de 1942, [sobraram apenas 2 mil judeus], a maioria dos sobreviventes foi deportada para Treblinka. Thomas e sua família conseguiram evitar aquela remoção forçada, mas foram enviados para um campo de trabalho escravo. Em agosto de 1945, ele e seus pais foram deportados para Auschwitz. Em janeiro de 1945, conforme as tropas soviéticas avançavam pelo território da Polônia [ocupada pelos nazistas], Thomas e outros prisioneiros foram forçados a participar de uma marcha da morte que partiu de Auschwitz. Ele não morreu e, entào, foi enviado para o campo de Sachsenhausen, na Alemanha. Após a libertação de Sachsenhausen pelos soviéticos, em abril de 1945, Thomas foi enviado para um orfanato, onde foi reencontrado por familiares, e posteriormente juntou-se à sua mãe na cidade de Goettingen. Em 1951 ele se mudou para os Estados Unidos.
A mais nova de dois filhos, Irene nasceu no seio de uma família judia na cidade industrial de Mannheim. Seu pai, um veterano do exército alemão, ferido durante a Primeira Guerra Mundial, era decorador de interiores, e sua mãe era dona de casa. Quando os nazistas assumiram o poder, em 1933, o irmão mais velho de Irene, Berthold, frequentava a escola pública e Irene, com apenas três anos, ficava em casa com a mãe.
1933-39: Celebrar os feriados judaicos com todas as minhas tias e tios era muito bom. Um dos meus locais preferidos era o zoológico, eu gostava especialmente dos macacos. Quando os nazistas expulsaram as crianças judias das escolas públicas, eu comecei a frequentar uma escola judaica. Eu era "a queridinha do papai", e ele me levava da escola até nossa casa em sua bicicleta. Depois que os nazistas atearam fogo à nossa escola, meu irmão mais velho foi para a Grã-Bretanha por precaução, mas eu era muito nova para ir com ele.
1940-44: Em 1940, quando eu tinha 10 anos, nossa família foi enviada para os terríveis campos de Gurs e, mais tarde, para Rivesaltes, no sul da França. A comida era horrível. A Sociedade de Ajuda a Crianças Judias me acolheu e me colocou em um convento católico, junto com outras treze meninas judias. Tornei-me Irene Fanchet e estudei sob a tutela da Irmã Theresa. Um dia, membros das SS vieram até o nosso convento procurando por crianças judias alemãs escondidas. Uma de nossas amigas, fluente em francês, falou por nós. Funcionou. Os alemães foram embora e ficamos seguras.
Irene, com treze anos de idade, foi libertada pelas tropas aliadas em julho de 1944. Depois de ser transferida para diversos orfanatos na França, ela emigrou para os Estados Unidos em 1947.
Marta, a mais nova de duas filhas de um casal judeu, foi criada falando húngaro em casa, na cidade de Kosice, na Eslováquia. Ela frequentava uma escola judaica de ensino fundamental e seu pai era dono de um mercadinho.
1933-39: Ao concluir o ensino fundamental, iniciei o segundo grau. O idioma de ensino era o eslovaco. Os judeus não sofriam discriminação, até que, em novembro de 1938, as tropas húngaras invadiram o sul da Eslováquia. Com a benção da Alemanha, Kosice foi incorporada à Hungria e passou a se chamar Kassa. Os novos governantes húngaros introduziram leis anti-semitas e, como resultado, meu pai foi obrigado a entregar seu estabelecimento.
1940-44: Nossa família teve muita dificuldade para conseguir se sustentar. Para nos manter, meu pai manteve ilicitamente suas atividades de venda, violando a lei húngara, e no início de 1944 ele acabou sendo preso. Um mês depois que os alemães ocuparam a Hungria, eu e minha mãe fomos forçadas a ir para uma fábrica de tijolos nas proximidades. De lá, em maio de 1944, juntamente com a maioria dos judeus de Kosice, fomos deportadas para Auschwitz. Quando chegamos a Auschwitz, minha mãe foi imediatamente enviada para ser assassinada nas câmaras de gás e eu fui enviada para o trabalho escravo.
Após sua transferência para o subcampo Muehldorf, de Dachau, Marta foi libertada em Tutzing pelas tropas norte-americanas no dia 1º de maio de 1945 e imediatamente retornou para casa [onde não encontrou mais sua família, todos haviam sido mortos pelos nazistas]. Em 1968 ela emigrou para os Estados Unidos.
As forças soviéticas libertaram o campo de concentração de Sachsenhausen em abril de 1945. Lá os soldados soviéticos encontraram esta edição alemã do Antigo e do Novo Testamentos junto ao corpo de um prisioneiro assassinado, uma Testemunha de Jeová. A Bíblia foi enviada para os membros de sua família ainda vivos.
À medida em que as tropas aliadas penetravam na Europa, em uma série de ofensivas contra a Alemanha, os soldados começaram a encontrar e a libertar os prisioneiros dos campos de concentração, muitos dos quais haviam sobrevivido às marchas da morte para o interior da Alemanha. As forças soviéticas foram as primeiras a se aproximar de um campo nazista de grande porte, chegando ao campo de Majdanek próximo de Lublin na Polônia, em julho de 1944. Surpreendidos pelo rápido avanço soviético, os alemães tentaram demolir o campo numa tentativa de ocultar as evidências do extermínio em massa que haviam cometido. Os soviéticos também libertaram os principais campos nazistas em Auschwitz, Stutthof, Sachsenhausen e Ravensbrueck. As forças norte-americanas libertaram os campos de Buchenwald, Dora-Mittelbau, Flossenbuerg, Dachau e Mauthausen. As forças britânicas libertaram os campos no norte da Alemanha, incluíndo os de Neuengamme e Bergen-Belsen.
Os soldados soviéticos foram os primeiros a libertar prisioneiros dos campos de concentração nos estágios finais da guerra. Em 23 de julho de 1944, eles entraram no campo de Majdanek, na Polônia, e mais tarde invadiram vários outros centros de extermínio. Em 27 de janeiro de 1945, entraram em Auschwitz e lá encontraram centenas de prisioneiros exaustos e doentes, que haviam sido deixados para trás pelos alemães devido à rápida evacuação do campo. Também deixaram os pertences das vítimas: 348.820 paletós, 836.255 casacos femininos e dezenas de milhares de pares de sapatos.
Tropas britânicas, canadenses, americanas e francesas também libertaram prisioneiros de outros campos. Os americanos foram responsáveis pela libertação dos campos de Buchenwald e Dachau, enquanto as forças britânicas ficaram encarregadas do campo de Bergen-Belsen. Embora os alemães tenham tentado evacuar os campos e esconder as evidências de seus crimes, os soldados aliados encontraram milhares de corpos “empilhados como lenha”, segundo as palavras de um soldado norte-americano. Os prisioneiros encontrados pareciam esqueletos vivos.
Bill Barrett, um jornalista do exército americano, descreveu o que viu em Dachau: “Em um vagão fechado e imundo havia cerca de doze corpos de homens e mulheres. Eles haviam ficado sem comida por tanto tempo que seus pulsos, sem vida, pareciam cabos de vassouras com garras nas pontas. Eles foram vítimas de inanição deliberada...”
As tropas aliadas, médicos e equipes de salvamento tentaram alimentar os sobreviventes, mas muitos deles estavam muito fracos para digerir alimentos e não puderam ser salvos. Apesar dos esforços dos libertadores, muitos sobreviventes dos campos acabaram morrendo lá mesmo. Metade dos prisioneiros que foram encontrados vivos em Auschwitz morreram poucos dias após serem libertados.
Os sobreviventes reagiram de formas diferentes à liberdade. Alguns estavam ansiosos para se reencontrarem com membros de suas famílias, outros se sentiam culpados por terem sobrevivido quando tantos parentes e amigos haviam morrido. Alguns mal podiam acreditar, como mostram as palavras do psiquiatra sobrevivente Viktor Frankl: “Timidamente, olhamos ao nosso redor e depois olhamos uns para os outros sem entender o que estava acontecendo. Então, arriscamos dar alguns passos para fora do campo. Dessa vez, ninguém gritou palavras de repreensão, tampouco precisamos nos encolher para evitar socos e chutes. 'Liberdade', repetíamos para nós mesmos, mas ainda assim não conseguíamos assimilar o que estava acontecendo.”
DATAS IMPORTANTES
23 DE JULHO DE 1944 FORÇAS SOVIÉTICAS LIBERTAM O CAMPO DE MAJDANEK Os soviéticos foram os primeiros a cercar um importante campo nazista, o de Majdanek, perto da cidade de Lublin, na Polônia. Surpreendidos com o rápido avanço soviético, os alemães tentaram demolir o campo para esconder as evidências de das atividades de extermínio em massa. Os funcionários do campo atearam fogo ao grande crematório de Majdanek mas, devido à fuga apressada que tiveram que efetuar, as câmaras de gás permaneceram intactas. Em janeiro de 1945 as forças soviéticas libertaram Auschwitz, em fevereiro o de Gross-Rosen, em abril os de Sachsenhausen e Ravensbrueck, e em maio o de Stutthof.
11 DE ABRIL DE 1945 FORÇAS NORTE-AMERICANAS LIBERTAM O CAMPO DE BUCHENWALD Em abril de 1945, as forças norte-americanas libertaram o campo de concentração de Buchenwald, próximo a Weimar, na Alemanha, poucos dias após o início da fuga dos dirigentes e funcionários nazistas daquele campo, e sua tentativa de destruição daquele local para elimar as provas. No dia da libertação, uma organização secreta de resistência dos prisioneiros tomou o controle de Buchenwald, evitando assim que os guardas alemães que escapavam pudessem cometer mais atrocidades contra os encarcerados. Os norte-americanos libertaram mais de 20.000 prisioneiros em Buchenwald. Ainda em abril de 1945, as forças norte-americanas libertaram os principais campos dos complexos de Dora-Mittelbau, de Flossenbuerg e de Dachau, e em maio o de Mauthausen.
15 DE ABRIL DE 1945 FORÇAS BRITÂNICAS LIBERTAM O CAMPO DE BERGEN-BELSEN As forças britânicas invadiram o campo de concentração de Bergen-Belsen, próximo a Celle, na Alemanha. Aproximadamente 60.000 prisioneiros foram encontrados semi-vivos, a maioria em estado crítico devido a uma epidemia de tifo. Mais de 10.000 deles morreram de desnutrição ou doenças poucas semanas depois de serem liberados, não tiveram forças nem saúde para celbrar sua liberdade. As forças britânicas libertaram outros campos no norte da Alemanha, incluindo o de Neuengamme, em abril de 1945.
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