A família de Hanne era dona de um estúdio fotográfico. Em outubro de 1940, ela e os demais membros de sua família foram deportados para o campo de Gurs, na parte sul da França. Em setembro de 1941, a Children’s Aid Society [Sociedade de Proteção à Criança] (Oeuvre de Secours aux Enfants/ OSE) resgatou Hanne, e a escondeu em um abrigo infantil em Le Chambon-sur-Lignon. Sua mãe morreu em Auschwitz. Em 1943, Hanne recebeu documentos falsos e cruzou a fronteira para a Suiça. Em 1945, em Genebra, ela se casou e, em 1946, teve uma filha. Dois anos depois, em 1948, ela chegou aos EUA.
A Bíblia exibida na foto pertenceu ao pastor protestante Andre Trocme e contém as anotações que ele fez enquanto preparava seus sermões para seus fiéis em Le Chambon-sur-Lignon, na França. Durante a guerra, ele e os moradores da cidade ajudaram a esconder judeus, especialmente crianças e membros de outros grupos perseguidos pelos alemães. A operação salvou milhares de refugiados, incluindo cerca de 5.000 judeus. A inscrição em francês, de próprio punho, diz em parte, "Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados".
Partidários judeus, incluindo um grupo de música e dança, na Floresta de Naroch na Bielorrússia. Além da resistência armada, a resistência judia também se concentrava na resistência espiritual – na tentativa de preservar sua cultura e suas tradições. União Soviética, 1943.
Lisa era uma das três crianças nascidas no seio de uma família judia religiosa. Após a ocupação alemã de sua cidade natal em 1939, Lisa e sua família se mudaram, primeiro, para Augustow e depois para Slonim (no leste da Polônia ocupada pelos soviéticos). As tropas alemãs dominaram Slonim em junho de 1941, durante a invasão da União Soviética. Em Slonim, os alemães estabeleceram um gueto que existiu de 1941 a 1942. Lisa conseguiu fugir de Slonim, e foi, primeiro, para Grodno e, depois, para Vilna, onde ela entrou para o movimento de resistência. Ela se uniu a um grupo de guerrilheiros, lutando contra os alemães nas bases na Floresta de Naroch. As forças soviéticas libertaram a região em 1944. Fazendo parte do movimento de êxodo Brihah ("vôo", "fuga") de 250.000 sobreviventes judeus do Holocausto do Leste Europeu, Lisa e seu marido, Aron, procuraram deixar a Europa. Sem conseguir entrar na Palestina, eles finalmente se estabeleceram nos Estados Unidos.
A Alemanha invadiu a Polônia em 1º de setembro de 1939. Após a ocupação alemã, Sarah (que tinha apenas três anos de idade) e sua mãe foram forçadas a viver em um gueto. Um dia, um policial católico polonês avisou a elas que o gueto seria destruído, e as levou para se esconderem em sua casa. Posteriormente, ele as escondeu em um depósito de armazenamento de batatas e, em seguida, em um galinheiro que ficava em suas terras. Sarah permaneceu escondida lá por mais de dois anos, até que a área foi libertada pelas forças soviéticas. Após a guerra, em 1947, Sarah foi da Europa para Israel e, em 1963 mudou-se para os Estados Unidos.
Stefania nasceu no seio de uma família católica, em uma aldeia próxima à cidade de Przemysl. A família vivia em uma grande fazenda e cultivava vários tipos de produtos. Enquanto seu pai realizava as tarefas agrícolas nos campos, a mãe de Stefania, uma parteira experiente, administrava a casa e cuidava dos oito filhos.
1933-39: Meu pai morreu de uma doença em 1938. No ano seguinte, com a autorização de minha mãe, fui morar com minha irmã em Przemysl. Aos 14 anos de idade eu trabalhava em um mercadinho que pertencia aos Diamants, uma família judia. Eles me tratavam como se eu fosse da família e me mudei para a casa deles quando os alemães invadiram [a Polônia], em 14 de setembro de 1939. Mas, duas semanas depois, os soviéticos tomaram a cidade [sob o Pacto Germano-Soviético] dos nazistas. O mercado permaneceu aberto, e eu comprava comida no mercado para vender aos nossos clientes.
1940-44: Os alemães re-ocuparam a cidade em junho de 1941. Assim como os demais judeus de Przemysl, os Diamants foram levados para um gueto. Minha mãe, católica, foi enviada à Alemanha para trabalhar como escrava. Eu tinha desesseiz anos e fiquei cuidando da minha irmãzinha de seis. Consegui encontrar um lugar para nós morarmos fora do gueto, e trabalhava trocando roupas velhas por comida. Em 1942, espalhou-se a notícia de que o gueto estava sendo evacuado [os nazistas estavam levando seus moradores para os campos de trabalho escravo ou extermínio]. Decidi esconder alguns judeus para ajudá-los a fugir das últimas deportações, e mudei-me para uma pequena casa para ter mais espaço. Logo, 13 judeus estavam vivendo em um espaço secreto no meu porão.
A cidade de Przemysl foi libertada no dia 27 de julho de 1944. Todos os judeus que Stefania, com 17 anos na época, ajudou a esconder sobreviveram à Guerra. Em 1961, ela se mudou para os Estados Unidos com seu esposo, Josef Diamant.
Eva era a única filha de um casal de judeus não religiosos. Seu pai era jornalista. Eva gostava de passar o tempo com sua prima Susie, dois anos mais velha, e também de sair de férias com sua mãe. Às vezes, elas esquiavam nos Alpes austríacos e, em outras ocasiões, ficavam na cabana do seu tio às margens do rio Danúbio.
1933-39: Quando os alemães anexaram a Áustria, em 1938, a vida mudou. Meu pai foi perseguido pela Gestapo por escrever artigos contra os alemães. Meus [antigos] bons amigos passaram a me xingar [sómente] porque eu era judia. Meus pais disseram que precisávamos escapar, e nós fugimos de trem para Paris. Um dia, quando eu estava na terceira série, os alemães iniciaram um bombadeio, e as bombas começaram a cair perto de nós. Corremos para o abrigo anti-aéreo e colocamos máscaras contra gases. O cheiro de borracha era insuportável, achei que fosse desmaiar.
1940-44: Depois que os alemães entraram em Paris, em 1940, fugimos para a região desocupada ao sul [da França]. Dois anos depois, quando tinha 13 anos, os alemães ocuparam aquela região e novamente tivemos que fugir. Durante a difícil caminhada pelas montanhas entre a Suíça e a França, nós conseguimos nos refugiar na pequena cidade francesa de St. Martin. O padre da cidadezinha, Padre Longeray, deixou meus pais se esconderem em seu porão, e eu vivi livremente na paróquia cuidando de ovelhas. Eu frequentava a igreja juntamente com outras crianças e aprendi a missa católica dita no latim.
Eva e seus pais permaneceram escondidos em St. Martin até serem libertados no final de 1944. Em 1948, quando Eva tinha 18 anos, ela e seus pais emigraram para os Estados Unidos.
Na área da Europa ocupada pelos alemães, os nazistas procuravam reunir e deportar os judeus para os campos de extermínio na Polônia. Alguns judeus sobreviveram escondendo-se ou fugindo. Algumas rotas de fuga da Europa ocupada levavam a Estados beligerantes (como a União Soviética), a Estados neutros (como a Suíça, Espanha, a Suécia e a Turquia), e até mesmo a Estados aliados à Alemanha (como a Itália e a Hungria, antes da ocupação nazista). Após o ataque alemão à União Soviética, mais de um milhão de judeus fugiram rumo ao leste, tentando escapar do exército nazista que avançava em território soviético. Alguns milhares de judeus, buscando encontrar segurança na área do Mandato Britânico denominado Palestina pelos romanos, conseguiram sair através dos portos do Mar Negro localizados na Bulgária e na Romênia.
Alguns judeus sobreviveram à “Solução Final”, o plano nazista de exterminá-los da Europa, escondendo-se ou fugindo das áreas controladas pelos alemães. A maioria dos não-judeus não ajudou nem impediu a "Solução Final". Relativamente, poucas pessoas ajudaram os judeus a escaparem. Os que ajudaram o fizeram por compaixão, oposição ao racismo nazista ou por princípios morais e religiosos. Em alguns poucos casos, comunidades inteiras, assim como indivíduos, ajudaram a salvar judeus, mesmo correndo grandes riscos. Em muitos lugares, abrigar judeus era crime sujeito à pena de morte.
Os moradores de Le Chambon-sur-Lignon, uma vila protestante no sul da França, ajudaram milhares de refugiados, a maioria judeus, a escapar da perseguição nazista entre 1940 e 1944. Embora soubessem do perigo que corriam, eles estavam decididos, inspirados por profundas convicções religiosas e sentimentos de obrigação moral. Os refugiados, incluindo crianças, foram escondidos em casas de família, monastérios e conventos católicos das redondezas. Os moradores de Le Chambon-sur-Lignon também ajudaram a enviar refugiados clandestinamente para a neutra Suíça.
Muitos judeus em toda a Europa ocupada tentaram organizar grupos de resistência armada. Individualmente e em grupos, eles combateram os alemães, tanto de maneira planejada quanto espontaneamente. Grupos de partisans judeus operaram na França e na Bélgica. Eles foram particularmente ativos na região oriental da Europa, onde combateram os alemães a partir de bases em densas florestas e nos guetos. Como o anti-semitismo era muito disseminado na Europa, já há séculos, eles receberam pouco apoio das populações locais. Ainda assim, de 20.000 a 30.000 judeus combateram os alemães, usando as florestas do leste europeu como esconderijo.
A organização da resistência armada foi a forma mais direta de oposição por parte dos judeus. Em muitas áreas da Europa, a resistência judaica baseava-se em tentativas de ajuda, resgate e força espiritual. A preservação de instituições culturais judaicas e a continuidade das práticas religiosas foram atos de resistência espiritual contra a política de genocídio nazista.
DATAS IMPORTANTES
13 DE FEVEREIRO DE 1943 PASTOR PROTESTANTE PRESO POR AJUDAR JUDEUS NA FRANÇA Nesta data o pastor André Trocmé foi preso em Le Chambon-sur-Lignon, bem como Edouard Theis, pastor e administrador da escola Cévenol, e Roger Darcissac, diretor da escola pública para meninos naquela região. Os três foram presos no campo de Saint-Paul d'Eyjeaux, perto da cidade de Limoges. Entre 1940 e 1943 eles haviam liderado a comunidade protestante de Le Chambon-sur-Lignon no resgate de cerca de 5.000 pessoas, das quais mais da metade eram judias. Eles as esconderam em casas de família, escolas, monastérios e conventos locais; forneceram carteiras de identidade falsas e ajudaram a transportar refugiados para a Suíça, país neutro na Segunda Guerra. Durante o período em que ficaram detidos, Trocmé, Theis e Darcissac realizaram debates e oficiaram rituais religiosos para os demais prisioneiros. Após mais de um mes de encarceramento os tres receberam uma oferta de liberdade mas, para obtê-la teriam que assinar um documento prometendo obediência ao Marechal Philippe Pétain e às ordens do governo francês de Vichy [cidade na França], que era colaborador dos nazistas. Darcissac assinou e foi libertado imediatamente, mas Trocmé e Theis se recusaram a assinar porque aquele ato era contra tudo o que acreditavam. Mesmo assim, os dois foram libertados no dia seguinte. Os três retornaram a Le Chambon-sur-Lignon e continuaram salvando judeus.
4 DE AGOSTO DE 1944 FAMÍLIA JUDIA ESCONDIDA EM AMSTERDÃ É PRESA Em 1942, quando os nazistas iniciaram as deportações de judeus da Holanda para os campos de extermínio na Polônia, Anne Frank, sua família e quatro outras pessoas se refugiaram em um sótão secreto de um prédio em Amsterdã. Com a ajuda de amigos que correram grandes riscos, a família Frank conseguiu sobreviver escondida por dois anos. Durante o tempo em que ficou escondida, Anne, uma pré-adolescente, escreveu um diário no qual registrou seus medos, esperanças e experiências. Os membros da família Frank e os demais fugitivos foram descobertos e presos em 4 de agosto de 1944, sendo enviados ao campo de permanência temporária [onde aguardaram o transporte para serem levados aos campos da morte] de Westerbork e, mais tarde, deportada para Auschwitz-Birkenau. Quando o fim da guerra estava próximo, Anne e sua irmã foram enviadas a Bergen-Belsen, e lá, as duas morreram de tifo na primavera de 1945. De toda a família, apenas seu pai sobreviveu. Anne Frank foi uma das centenas de milhares de crianças judias que morreram durante o Holocausto. O diário de Anne Frank foi recuperado depois de sua prisão e publicado após a guerra em muitos idiomas, inclusive no português.
21 DE OUTUBRO DE 1944 INDUSTRIAL ALEMÃO SALVA TRABALHADORES JUDEUS O industrial alemão Oskar Schindler conseguiu autorização para levar judeus prisioneiros no campo de concentração de Plaszow para trabalhar em sua fábrica em Bruennlitz, nos Sudetos. Schindler salvou mais de 1.000 judeus ao empregá-los, afirmando que eram essenciais à produção em tempos de guerra. No inverno de 1939-1940, Schindler abriu uma fábrica de utensílios esmaltados na periferia de Cracóvia, na Polônia. Nos dois anos seguintes, o número de judeus empregados aumentou. Em 1942, aqueles judeus que viviam no gueto de Cracóvia eram constantemente ameaçados pelas seleções que os alemães faziam para determinar quem era incapaz de trabalhar. Schindler protegeu seus empregados falsificando registros da fábrica – a idade e a profissão dos empregados foram alteradas para se adequarem aos trabalhos essenciais aos esforços de guerra. Em março de 1943 o gueto de Cracóvia foi eliminado, e seus trabalhadores escravos levados para o campo de Plaszow. Os “judeus de Schindler” continuaram trabalhando na fábrica até outubro de 1944, quando a aproximação das tropas soviéticas forçou a evacuação daquele campo. A maioria dos prisioneiros foi enviada diretamente para os campos de extermínio mas Schindler, aproveitando-se do bom relacionamento que mantinha com as SS, conseguiu permissão para levar cerca de 1.000 deles para uma fábrica em Bruennlitz. Eles permaneceram sob os cuidados de Schindler até a libertação, em maio de 1945. Schindler fugiu para o oeste europeu e só retornou à Alemanha após a Guerra.
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