Berta Rivkina

Berta era a caçula das três filhas nascidas no seio de uma família judia em Minsk, capital da Bielorússia. Antes da Segunda Guerra Mundial, mais de um terço da população da cidade era de judeus. O pai de Berta trabalhava em uma fábrica estatal que produzia móveis, e esta era também a ocupação de vários de seus familiares.

1933-39: Morávamos na rua Novomesnitskaya, no centro de Minsk, a apenas algumas quadras do rio Svisloch. Minha irmã mais velha, Dora, adorava nadar lá no verão. Quando iniciei os estudos da quarta série, já havia muitos refugiados poloneses em nossa cidade. A Alemanha e a USSR haviam dividido a Polônia [OBS: Através do Pacto de Molotov-Ribbentrop], fazendo com que os poloneses fugissem rumo ao leste. Muitos permaneceram em Minsk, porque ainda era perto de "casa", estando situada a apenas 32 quilômetros da fronteira polonesa-soviética.

1940-44: Eu tinha 12 anos de idade quando os alemães chegaram a Minsk, em 1941, e criaram um gueto. No ano seguinte, tentando escapar de uma caça aos judeus, minha mãe e eu nos escondemos em um depósito. Ao sermos descobertas por um guarda alemão, fiquei com tanto medo que comecei a falar coisas sem nexo e saí correndo, e ele veio atrás de mim. Na correria, dei um encontrão em uma mulher que surgiu do nada e, naquele exato momento, o guarda disparou sua arma. Caímos as duas ao mesmo tempo, e eu estava certa de haver sido atingida porem, ao me levantar, constatei que não estava ferida. A outra mulher, no entanto, permaneu caída, imóvel.

Berta foi levada para ser executada, porém conseguiu fugir. Mais tarde, ela escapou do gueto e juntou-se aos partisans soviéticos. Berta foi libertada pelo Exército Vermelho [soviético] em julho de 1944.