Lutz Haase

Lutz foi um dos dois filhos nascidos no seio de uma família de judeus religiosos residentes em Wrzesnia, quando a cidade ainda fazia parte da Alemanha. Após a Primeira Guerra Mundial, Wrzesnia passou a fazer parte do território polonês. Preferindo continuar com a cidadania alemã, a família de Lutz transferiu-se para Nuremberg, onde seu pai abriu um açougue kosher [OBS: baseado nas leis da dieta alimentar judaica]. Em 1926, os Haases se mudaram para Berlim e estabeleceram o açougue naquela cidade.

1933-39: Em 1937, assim como muitos outros judeus de Berlim, fui designado pela Gestapo para executar determinada tarefa. Estendia cabos elétricos e recebia pelo trabalho a mísera quantia de apenas 37 centavos por dia. Depois dos atos violentos cometidos pelos nazistas em 10 de novembro de 1938, destruindo sinagogas, seus livros sagrados, e quebrando as janelas de lojas judias Kristallnacht [Noite dos Cristais], fui deportado com vários outros judeus para um campo de trabalhos forçados fora de Berlim. Lá, tínhamos correntes de ferro presas às nossas pernas enquanto trabalhávamos consertando os trilhos dos trens.

1940-44: Após dois anos de trabalhos forçados, fiquei extremamente fraco para o serviço. O comandante decidiu me enviar para uma cova subterrânea onde poucos sobreviviam por mais de um dia. No momento daquela ordem, estava presente um general das SS que havia sido meu colega de escola antes da Guerra. Em particular, ele me disse: "Eu me lembro de você. Você me ajudou a começar minha coleção de selos. Agora quero ajudá-lo". "General", eu disse, "faça o que tiver de fazer". Ele respondeu: "Se eu fizer isso, você jamais verá a luz do dia novamente". Graças às suas conexões, ele conseguiu me enviar para Xangai, na China

Lutz desembarcou em Xangai no final de 1940. Lá, ele publicava um jornal com informações sobre a Guerra, obtidas da agência de notícias soviética e de informes do rádio. Lutz emigrou para o Canadá em 1949.