Em janeiro de 1942, teve lugar em Berlim a Conferência de Wannsee. Nela, reuniram-se dirigentes das SS (a guarda de elite do estado nazista) e representantes dos ministérios do governo alemão para examinar seu projeto de Solução Final, ou seja, o plano nazista para exterminar os judeus da Europa. Naquela reunião, os participantes chegaram à conclusão de que, para alcançar seus objetivos, seria necessário eliminar 11 milhões de judeus europeus, incluindo os de países não ocupados pelo governo nazista, tais como a Irlanda, a Suécia, a Turquia [sic] e a Grã-Bretanha. Os judeus da Alemanha e dos países ocupados pelos nazistas foram deportados de trem para os campos de extermínio na Polônia ocupada, onde foram mortos. Os alemães tentaram encobrir suas suas intenções, referindo-se às deportações como "recolonização das terras do leste". Eles diziam às vítimas que elas estavam sendo levadas para campos de trabalho. Na realidade, de 1942 em diante, para a maioria dos judeus, a deportação significava ser levado para os centros de extermínio e para a morte.
Judeus do gueto de Lodz colocados em trens de carga para serem deportados para o campo de extermínio de Chelmno. Foto tirada em Lodz, Polônia, entre 1942 e 1944.
Judeus reunidos no gueto de Siedlce são forçados a marchar em direção à estação ferroviária para deportação para o campo de Treblinka. Siedlce, Polônia, 21 a 24 de agosto de 1942.
Vladka era membro do movimento juvenil Zukunft, ligado ao Partido Socialista Judaico, o Bund. Durante a Guerra, ela trabalhou ativamente no movimento de resistência do gueto de Varsóvia, como membro da Organização Judaica Combatente, ZOB. Em dezembro de 1942, ela conseguiu passar clandestinamente para o lado ariano [não judeu], de Varsóvia para obter armas e descobrir esconderijos para crianças e adultos. Ela tornou-se mensageira da resistência judaica e dos judeus que se refugiavam em campos, florestas e em outros guetos.
Ruth mudou-se da Alemanha para a Holanda após o massacre da Noite dos Cristais, a Kristallnacht, em 1938. Ela e seu pai tinham autorização para viajar de navio para os Estados Unidos, mas a Alemanha invadiu a Holanda em maio de 1940 e eles não puderam partir. Ruth foi deportada para o campo de Westerbork em 1943 e para o campo de Bergen-Belsen, na Alemanha, em 1944. Após a interrupção de um acordo de troca de prisioneiros entre nazistas e Aliados, Ruth ficou detida perto da fronteira suíça, até ser libertada pelas forças francesas em 1945.
Após a Alemanha ocupar a Hungria, em março de 1944, Bart foi confinado em um gueto criado em sua cidade natal. De maio a julho de 1944, os alemães deportaram os judeus húngaros para o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia ocupada. Bart foi deportado em um vagão de transporte de gado para Auschwitz. Lá, ele foi selecionado para realizar trabalho forçado, perfurando e cavando uma mina de carvão. À medida que as forças soviéticas avançavam em direção ao campo de Auschwitz, em janeiro de 1945, os alemães obrigaram a maioria dos prisioneiros a realizar uma marcha da morte fora do campo. Juntamente alguns outros prisioneiros que estavam na enfermaria daquele campo, Bart foi um dos poucos que restavam no campo no momento da libertação.
O segundo de três filhos, Majlech nasceu no seio de uma família judia que morava a uma distância de 56 quilômetros a leste de Varsóvia, na pequena cidade de Kaluszyn, de população predominantemente judaica. O pai de Majlech possuía um pequeno mercado atacadista, um restaurante e um posto de gasolina – todos localizados junto à movimentada estrada principal. Majlech frequentou a escola pública de ensino fundamental e também recebeu educação religiosa.
1933-39: Meus amigos Mindele, Sara, Adam e eu adorávamos discutir política. Nós havíamos ouvido propaganda polonesa afirmando que os tanques alemães eram feitos de papelão. Então, logo após eu completar 19 anos, a Guerra estourou. Meu pai, meu irmão e eu fugimos para o leste, rumo à União Soviética, pois tínhamos medo de que os alemães nos mandassem para os campos de trabalho escravo. Porém, voltamos para casa quando ouvimos que uma batalha havia sido travada em Kaluszyn. Felizmente, nada havia acontecido à minha mãe.
1940-44: No final de 1942, quando ouvi que os alemães estavam prendendo homens judeus para deportá-los para um campo de trabalho escravo, fugi do gueto de Kaluszyn. Consegui penetrar no gueto de Varsóvia para ficar junto a alguns primos que lá viviam, mas, no dia 18 de janeiro de 1943, fui apanhado em uma batida policial nazista e colocado em um vagão para transporte de gado com destino ao campo de extermínio de Treblinka. O trem corria muito rápido e os guardas estavam posicionados no teto, prontos para metralhar quaisquer fugitivos. Ainda assim, eu tinha que correr o risco. Vi alguém pular antes de mim e, então, foi a minha vez.
Majlech conseguiu pular sem se ferir e voltou a pé para Varsóvia. Mais tarde, ele foi novamente preso, deportado para o campo de Majdanek e, depois, para Auschwitz. Depois da Guerra, ele emigrou para os Estados Unidos.
A quarta de cinco filhos, Kato nasceu no seio de uma família judia que possuía uma bem sucedida loja de móveis e uma madeireira em Ujpest, a oito quilômetros de Budapeste. Ainda menina, em sua grande casa, Kato gostava de cantar e tocar violino na "orquestra" composta por membros de sua família. Ela também era esportista e gostava de nadar, andar de bicicleta e jogar tênis. Acima de tudo, Kato gostava de remar no Danúbio com suas amigas.
1933-39: Recém-casada, me mudei para Zagyvapalfalva, uma cidade a nordeste de Budapeste, onde havia apenas cinco ou seis famílias judias. Lá, meu marido possuía um grande armazém onde eu trabalhava na caixa de registro. Fazíamos piqueniques e outras atividades ao ar live juntamente com o tabelião, o chefe dos correios, outros amigos e seus familiares, até o ano de 1939. Os jovens nazistas nos amedrontavam quando cantavam temas de anti-semitismo e batiam nas nossas janelas à noite. Um deles era o filho adolescente do tabelião.
1940-44: No dia 19 de março de 1944, os alemães invadiram a Hungria. Alguns meses depois, meu bebê e eu fomos deportados. Apertados em um sufocante vagão para transporte de gado, durante três dias infernais, eu amamentei Sandor e também o bebê de uma amiga cujo leite havia secado. Ao nos ajudar a descer do trem em Auschwitz, um homem cochichou para mim: "Entregue o seu bebê para uma mulher mais velha que poderá cuidar dele enquanto você trabalha. À noite, você poderá vê-lo novamente". Aquilo me acalmou um pouco e, então, entreguei o meu Sanyika [diminutivo de Sandor] a uma mulher idosa e implorei para que ela tomasse conta dele.
Kato, com 34 anos, foi selecionada para o trabalho escravo. Ela ficou sabendo mais tarde que os bebês e os idosos haviam sido assassinados nas câmaras de gás tão logo chegaram ao campo. Kato foi libertada do campo de Mauthausen em 1945.
Zuzana era a mais nova dos três filhos de um casal judeu que morava na cidade de Kosice. Seus pais falavam o húngaro. Ela era muito querida pela família e eles a chamavam de Zuzi. Seu pai era alfaiate e mantinha um alfaiataria dentro do apartamento onde morava a família.
1933-39: Em novembro de 1938, quando Zuzana tinha 5 anos, tropas húngaras tomaram Kosice e incorporaram aquela cidade à Hungria. Os húngaros mudaram o nome da cidade para Kassa. O governo húngaro colaborava com a Alemanha nazista e introduziu leis anti-semitas na cidade.
1940-44: Em 1941, após o primeiro ano escolar de Zuzana, os húngaros levaram os Gruenberger e outras famílias judias para campos [de trabalho escravo] em outras partes da Hungria. A família Gruenberger conseguiu retornar a Kosice na primavera seguinte porém, logo em seguida, o pai e o irmão de Zuzana foram levados para trabalharem como escravos. Em 1944, os 12.000 judeus que viviam em Kosice, incluindo Zuzana, sua mãe e sua irmã, foram presos por húngaros fascistas, aliados aos alemães. Os judeus foram enviados a uma fábrica de tijolos na periferia da cidade e colocados em vagões de trens de carga que partiram em direção a Auschwitz.
Imediatamente após sua chegada àquele campo, em maio de 1944, Zuzana e sua mãe foram assassinadas pelos nazistas através de sufocamento na câmara de gás. Zuzana tinha apenas 11 anos de idade.
O governo holandês criou um campo em Westerbork para internar os refugiados judeus que haviam entrado ilegalmente na Holanda. Este esboço do campo transitório de Westerbork foi feito por um prisioneiro judeu que conseguiu emigrar para os Estados Unidos. No começo de 1942, as autoridades de ocupação alemãs decidiram aumentar Westerbork e torná-lo em um campo de trânsito para judeus. A concentração sistemática dos judeus da Holanda em Westerbork teve início em julho de 1942. De Westerbrok os judeus eram deportados para os campos de extermínio na Polônia ocupada pela Alemanha.
Nos meses seguintes à Conferência de Wannsee, o regime nazista continuou a executar seus planos para a “Solução final”. Os judeus eram “deportados”, isto é, carregados como carga em trens ou caminhões para seis campos, todos localizados na Polônia ocupada: Chelmno, Treblinka, Sobibor, Belzec, Auschwitz-Birkenau e Majdanek-Lublin.
Os nazistas chamavam aqueles locais de “campos de extermínio”. A maioria dos deportados era imediatamente executada, em grandes grupos, com gases venenosos. O uso de gases venenosos ao invés do fuzilamento foi escolhido como o melhor método para o extermínio em massa, pois os nazistas o consideravam mais "limpo" e "eficiente". As câmaras de gás também evitavam o “estresse” sentido pelos membros dos esquadrões móveis de extermínio ao fuzilar pessoas face a face. Os centros de extermínio se localizavam em áreas isoladas, semi-rurais, bem escondidas da população. Eles ficavam perto das principais ferrovias, permitindo que os trens transportassem rapidamente centenas de milhares de pessoas até os locais de extermínio.
Muitas das vítimas eram trazidas de guetos próximos, algumas a partir de dezembro de 1941, mesmo antes da reunião em Wannsee, mas as SS só começaram a evacuar os guetos de forma maciça no verão de 1942. Em apenas dois anos, mais de dois milhões de judeus foram levados dos guetos para a morte. No verão de 1944, poucos deles ainda existiam no leste europeu.
À medida que os guetos eram evacuados, grandes quantidades de judeus e ciganos eram levados de países distantes, ocupados ou controlados pela Alemanha, incluindo França, Bélgica, Holanda, Noruega, Hungria, Romênia, Itália, Grécia e o Norte da África para os campos. As deportações exigiam o auxílio de muitas pessoas e o envolvimento de todos os setores do governo. As vítimas na Polônia já estavam segregadas em guetos e totalmente sob o controle alemão. A deportação dos judeus de outras partes da Europa, no entanto, era um problema muito mais complexo. O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha conseguiu pressionar a maioria dos governos das nações ocupadas e aliadas a ajudar os alemães no processo de deportação dos judeus que viviam em seus países.
DATAS IMPORTANTES
15 DE JULHO DE 1942 HOLANDA , INÍCIO DAS DEPORTAÇÕES SISTEMÁTICAS Os judeus que estavam na Holanda foram concentrados no campo de passagem de Westerbork. A maioria deles lá permaneceu por pouco tempo, até ser deportada para os centros de extermínio ao leste (na Alemanha e na Polônia). A partir de 15 de julho de 1942, os alemães deportaram aproximadamente 100.000 judeus que estavam aprisionados em Westerbork: cerca de 60.000 para Auschwitz, mais de 34.000 para Sobibor, quase 5.000 para o gueto de Theresienstadt e aproximadamente 4.000 para o campo de concentração de Bergen-Belsen. A grande maioria dos deportados foi executada logo que chegou aos campos.
22 DE JULHO DE 1942 JUDEUS DE VARSÓVIA SÃO DEPORTADOS PARA O CENTRO DE EXTERMÍNIO DE TREBLINKA Entre 22 de julho e meados de setembro de 1942, mais de 300.000 pessoas foram deportadas do gueto de Varsóvia: mais de 250.000 delas foram enviadas ao centro de extermínio de Treblinka. Os deportados eram obrigados a comparecer ao Umschlagplatz (ponto de deportação) ligado à ferrovia Varsóvia-Malkinia. Eles eram aglomerados em vagões de carga e a maioria enviada ao campo de Treblinka, via Malkinia. A maioria absoluta dos deportados era executada assim que chegava em Treblinka. Em setembro, no fim das deportações em massa de 1942, restavam apenas cerca de 55.000 judeus no gueto.
15 DE MAIO DE 1944 INÍCIO DAS DEPORTAÇÕES SISTEMÁTICAS DOS JUDEUS DA HUNGRIA As forças alemãs ocuparam a Hungria em 19 de março de 1944. Em abril do mesmo ano, todos os judeus, com exceção dos de Budapeste, foram aprisionados em guetos. As deportações sistemáticas dos guetos húngaros para Auschwitz-Birkenau começaram no mês seguinte, em maio de 1944. Em menos de três meses, cerca de 440.000 judeus foram deportados da Hungria em mais de 145 trens. A maioria absoluta foi exterminada ao chegar em Auschwitz
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