Alice Lok

Alice cresceu no seio de uma família judia em Sarvar, Hungria, próxima à fronteira com a Áustria. Ela tinha dos irmãos mais novos e uma irmã mais velha. Seu pai trabalhava numa empresa de importação/exportação e confecção de tapetes, e viajava constantemente para seu escritório em Budapeste. O avô de Alice era um dos líderes da comunidade judaica local e presidente de uma das sinagogas de Sarvar.

1933-39: Eu tinha um relacionamento bastante especial como meu avô. Eu o admirava. As pessoas sabiam que sempre podiam contar com ele para obter qualquer tipo de ajuda. Ele frequentemente convidava órfãos judeus para comer conosco em casa. Todos os sábados, nossa casa era aberta a quem quisesse se reunir para estudar em conjunto os textos sagrados. Adorava ouvir as maravilhosas histórias que meu avô contava, ele as ditava para que eu as transcrevesse e depois então as escrevesse.

1940-44: Em abril de 1944, quanto eu tinha 15 anos, os alemães invadiram Sarvar e criaram um gueto. Dois meses depois, fui deportada para Auschwitz com minha mãe, irmã e irmãos. Na chegada, fui enviada a um campo juntamente com crianças de até 15 anos de idade. Procurei minha irmã Edith por toda parte e, quando soube onde ela estava, enviei uma mensagem. Por um milagre, Edith trocou de lugar com alguém do meu campo. Todas as sextas à noite, no Shabat [OBS: o dia judaico começa quando surge a primeira estrela], orávamos no único local onde era possível nos reunir secretamente--o banheiro. Outras crianças se juntavam a nós nessas preces.

Dois dias após a liberação, a irmã de Alice foi levada para um Hospital da Cruz Vermelha, e Alice jamais tornou a vê-la. Com o fim da Guerra, Alice emigrou para os Estados Unidos onde se tornou artista.