A Alemanha ocupou a parte ocidental da Polônia no outono de 1939. Grande parte daquele território foi anexado ao Reich, império alemão. O leste da Polônia só foi ocupado pelas forças alemãs em junho de 1941. Na parte centro-sul da Polônia, os alemães estabeleceram o Generalgouvernement, o Governo Geral, e lá foram criados os primeiros guetos. Os guetos eram bairros, murados pelos alemães, onde os nazistas forçavam a população judaica a viver em confinamento e em condições miseráveis. Os guetos isolavam os israelitas da população em geral bem como das comunidades judaicas vizinhas. O gueto de Varsóvia, estabelecido em 12 de outubro de 1940, foi o maior gueto, tanto em área quanto em população. Lá, mais de 350.000 judeus, cerca de 30% da população da cidade, foram confinados em espaço de aproximadamente 2.4% da área total da cidade.
Judeus trabalhando na construção de um muro ao redor da área do gueto de Varsóvia. Os alemães anunciaram a construção de um gueto em outubro de 1940 e o isolaram do resto de Varsóvia em meados de novembro de 1940.
Passarela sobre a rua Chlodna ligando duas partes do Gueto de Varsóvia. A rua abaixo da ponten não fazia parte do mesmo. Varsóvia, Polônia. Foto de data incerta.
Sabina cresceu no seio de uma família judia em Piotrkow Trybunalski, uma pequena cidade industrial a sudeste de Varsóvia. Seu pai era empresário e sua mãe professora. Os idiomas iídiche e polonês eram falados na sua casa. Sua família vivia em um bairro não-judeu. Em 1929, Sabina começou a frequentar a escola pública, e posteriormente estudou em uma escola secundária judaica.
1933-39: Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia. Quatro dias depois, as tropas alemãs entraram em nossa cidade. Após um mês de ocupação, meu pai não teve mais como tocar seus negócios. Eu tive que abandonar a escola e nossa família, composta por cinco pessoas, foi confinada em um gueto criado pelos alemães. Dividíamos um pequeno apartamento com outra família. Do gueto, podíamos ouvir o som das patrulhas alemãs e de suas pesadas botas sobre os paralelepípedos.
1940-44: Em 1942, enquanto o gueto era evacuado, minhas amigas polonesas Danuta e Maria conseguiram, para mim e para minha irmã, carteiras falsas de identidade polonesa. Às vésperas do último agrupamento para deportação [para os campos], nós fugimos e nos escondemos na casa daquelas amigas. Duas semanas depois, minha irmã e eu conseguimos emprego na Alemanha, onde ninguém nos conhecia. Eu fui trabalhar como camareira em um hotel para oficiais alemães. Um dia, um deles me perguntou se havia judeus na minha família. Ele disse que era antropólogo e que minhas orelhas e minha feição pareciam judias para ele. Fiz cara de ofendida e voltei a trabalhar.
Sabina foi libertada em Regensburg, Alemanha, por tropas americanas em 27 de abril de 1945. Ela emigrou para os Estados Unidos em 1950 e se formou em oftalmologia.
Shlomo era um dos sete irmãos nascidos da família Reich, na cidade de Lodz. Os Reich eram judeus religiosos, e o pai de Shlomo, que era hassídico [religioso místico], não cortava o cabelo das têmporas [conforme tradição da religião judaica] e usava um chapéu de pele que indicava a sua linha de pertinência religiosa. Todos os dias, depois das aulas na escola pública, Shlomo estudava na Ostrovtze Yeshiva, uma academia rabínica onde ele estudava os textos sagrados do judaísmo. O pai de Shlomo era dono de uma fábrica de cadarços.
1933-39: Os alemães invadiram Lodz em setembro de 1939 e começaram a criar medidas anti-semitas. Os judeus não podiam usar transporte público, sair da cidade sem permissão especial ou ter carros ou rádios. Por fim, as casas dos judeus foram confiscadas.
1940-44: No início do inverno de 1940, os alemães criaram um gueto em Lodz, e os judeus da cidade foram concentrados lá. A família Reich também foi levada para lá e todos moravam em um único e pequeno cômodo. Shlomo encontrou trabalho em uma fábriqueta de roupas no gueto, onde recebia uma sopa rala no almoço. Após quatro anos, Shlomo foi deportado, no final do verão de 1944, para trabalhar como escravo no campo de concentração de Dachau, na Alemanha.
Shlomo foi libertado na primavera de 1945. Depois da Guerra, ele descobriu que quatro de seus seis irmãos e irmãs também haviam sobrevivido. Ele emigrou para os Estados Unidos em 1946.
Emanuel e sua família moravam na pequena cidade de Miechow, no norte da Cracóvia. Depois que a Alemanha invadiu a Polônia, em setembro de 1939, aumentou a perseguição aos judeus. Os alemães formaram um gueto em Miechow. Emanuel foi obrigado a morar no gueto. Emanuel, sua mãe e sua irmã fugiram do gueto antes de sua destruição, em 1942. Ele ficou em um monastério, com identidade fictícia, junto com membros da resistência polonesa. Emanuel saiu do monastério após cerca de um ano, quando um professor começou a suspeitar que ele era judeu. Depois, Emanuel envolveu-se no contrabando de mercadorias para Cracóvia e Varsóvia. Ele fugiu para a Hungria no outono de 1943. Após a ocupação alemã da Hungria em 1944, Emanuel tentou fugir novamente, mas foi pego e levado à prisão. Ele sobreviveu à guerra.
A Alemanha ocupou a cidade de Vilna, na Lituânia, em junho de 1941. Em outubro, Rochelle e sua família foram confinadas no gueto de Vilna, onde sua mãe morreu. Seu pai, um membro do conselho judaico, foi assassinado em um campo [nazista] na Estônia. Quando o gueto foi evacuado em 1943, Rochelle e sua irmã foram deportadas, primeiro para o campo de Kaiserwald, na Letônia, e depois para Stutthof, perto de Danzig. Em 1945, na sexta semana de uma marcha da morte que obrigou as irmãs a protegerem seus pés com farrapos de pano, o exército soviético as libertou.
Assim como outros judeus, a família Lewent ficou presa no gueto de Varsóvia. Em 1942, enquanto Abraham se escondia em um espaço apertado, os alemães capturavam sua mãe e irmãs em um ataque surpresa, e elas foram assassinadas. Ele foi enviado para um campo de trabalho forçado próximo, mas conseguiu escapar e voltar para seu pai que continuava no gueto. Em 1943, os dois foram deportados para Majdanek, onde o pai de Abraham morreu. Abraham, mais tarde, foi enviado para os campos de Skarzysko, Buchenwald, Schlieben, Bisingen e Dachau. As tropas norte-americanas libertaram Abraham enquanto os alemães evacuavam os prisioneiros.
Os pais de Charlene eram líderes da comunidade judaica local e a família participava ativamente na mesma. O pai de Charlene era professor de filosofia na Universidade de Lvov. A Segunda Guerra Mundial começou com a invasão alemã da Polônia, no dia 1º de setembro de 1939. A cidade de Charlene se localizava na região oriental da Polônia, ocupada pela União Soviética sob o Pacto Germano-Soviético, de agosto de 1939. Com a ocupação soviética, a família permaneceu em sua casa e o pai de Charlene continuou lecionando. Os alemães invadiram a União Soviética em junho de 1941, e após a ocupação, prenderam o pai de Charlene. Ela nunca mais o viu. Charlene, sua mãe e sua irmã foram forçadas a ficar em um gueto construído pelos alemães, em Horochow. Em 1942, Charlene e sua mãe fugiram do gueto depois de ouvir rumores de que os alemães iriam destruí-lo. Sua irmã tentou se esconder em outro lugar e ninguém nunca mais soube dela. Charlene e sua mãe se esconderam em arbustos na margem do rio. Passaram parte do tempo submersas na água, conseguindo evitar serem descobertas. Elas passaram muitos dias escondidas. Um dia, Charlene acordou e descobriu que sua mãe havia desaparecido. Charlene sobreviveu sozinha nas florestas próximas a Horochow e foi libertada pelas tropas soviéticas. Por fim, ela emigrou para os Estados Unidos.
Esta máquina de costura foi usada por sapateiros no gueto de Lodz, na Polônia. A partir de maio de 1940, os alemães começaram a estabelecer fábricas nos guetos e a usar os residentes judeus como trabalhadores escravos. Em agosto de 1942, havia quase 100 fábricas naquele gueto. As maiores delas fabricavam produtos têxteis, especialmente uniformes para o exército alemão.
Milhões de judeus viviam no leste europeu antes da Segunda Guerra. Após a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939, mais de dois milhões de judeus poloneses foram submetidos ao controle alemão. Posteriormente, em junho de 1941, com a invasão da União Soviética, outros milhões de judeus também se tornaram vítimas do regime nazista. Os alemães desejavam controlar aquela grande população judaica, forçando-os a residir em áreas específicas de cidades e municípios chamadas pelos nazistas de “guetos”, ou “bairros judeus”. Ao todo, os alemães criaram pelo menos 1.000 guetos nos territórios ocupados. O maior deles estava em Varsóvia, a capital polonesa, e nele quase um milhão de judeus foram confinados.
Muitos guetos foram estabelecidos em cidades e municípios onde os judeus já se concentravam. Tanto judeus quanto ciganos de regiões vizinhas, e também do oeste europeu, foram aprisionados em guetos. Entre outubro e dezembro de 1941, milhares de judeus alemães e austríacos foram transportados para guetos no leste da Europa. Os alemães normalmente separavam as áreas mais antigas e decadentes das cidades para a criação dos guetos. Às vezes, tinham que despejar moradores não-judeus de suas casas [eles eram transferidos para ‘areas melhores] para nelas abrigar várias famílias judias conjuntamente. Muitos guetos eram cercados por cercas de arame farpado ou muros com entradas vigiadas pela polícia local, pelos alemães e por membros das SS. À noite, após o toque de recolher, os moradores tinham que permanecer dentro de casa.
Nas cidades polonesas de Lodz e Varsóvia as linhas de bondes [ transportes coletivos elétricos] passavam no meio do gueto. Em vez de mudarem a rota das linhas, os alemães obrigavam os moradores dos guetos a cercá-las e colocavam policiais vigiando a área para evitar que judeus escapassem nos bondes. Os passageiros que moravam fora do gueto usavam os bondes para ir ao trabalho durante a semana, e alguns em passeios de domingo para observarem e zombarem dos judeus aprisionados, doentes e famintos que ali viviam.
DATAS IMPORTANTES
12 DE OUTUBRO DE 1940 JUDEUS DE VARSÓVIA SÃO APRISIONADOS EM UM GUETO Naquele dia os alemães anunciaram a criação de um gueto em Varsóvia [OBS: originalmente o termo se referia a determinadas áreas das cidades européias onde os judeus eram obrigados a viver segregados, cercados por um muro, com restrições das autoridades para sair e se misturar aos habitantes cristãos]. Em novembro de 1940, todos os judeus residentes naquela cidade foram obrigados pelos nazistas a ir para uma determinada área, a qual foi separada do resto de Varsóvia através da construção de um muro coberto por arame farpado, com mais de 3 metros de altura, e nela os judeus foram confinados. Os alemães vigiavam de perto os limites do gueto para impedir qualquer contato dos prisioneiros com o restante da população. O gueto de Varsóvia era o maior de todos aqueles que os nazistas criaram, tanto em área quanto em população. Mais de 350.000 judeus, cerca de 30% dos habitantes de Varsóvia, foram confinados em apenas cerca de 2,4% da área total daquela cidade.
22 DE JULHO DE 1942 JUDEUS DE VARSÓVIA SÃO DEPORTADOS PARA O CENTRO DE EXTERMÍNIO DE TREBLINKA Entre 22 de julho e meados de setembro de 1942, mais de 300.000 pessoas foram retiradas do gueto de Varsóvia, e mais de 250.000 delas foram despachadas para a morte no centro de extermínio de Treblinka. As pessoas a serem deportadas eram obrigadas a comparecera um determinado Umschlagplatz (ponto de deportação) ligado à ferrovia Varsóvia-Malkinia. Eles eram então amontoados como animais em vagões de carga, e a maioria era enviada através da cidade de Malkinia para ser sacrificada no campo de Treblinka, onde eram executados assim que chegavam. Em setembro, no fim das deportações em massa do ano de 1942, sobraram cerca de 55.000 judeus prisioneiros no gueto.
19 DE ABRIL DE 1943 COMBATENTES JUDEUS RESISTEM AOS ALEMÃES NO GUETO DE VARSÓVIA Os alemães decidiram eliminar o gueto de Varsóvia e anunciaram novas deportações em abril de 1943. O reinício daquelas atividades foi o sinal para a revolta armada. A maioria de seus habitantes não se apresentou para a deportação forçada, e muitos se prepararam para lutar até a morte, alojando-se em casamatas improvisadas e esconderijos. Os combatentes judeus lutaram contra os alemães em todos os locais, nas ruas e nos esconderijos. Por fim, os nazistas atearam fogo ao gueto, forçando a população a sair para as ruas, e o reduziu a escombros. Em 16 de maio de 1943 a batalha terminou. Milhares de judeus de todas as idades foram massacrados, e o que restou da população do gueto foi deportada para campos de trabalho escravo. O Levante do gueto de Varsóvia foi o maior e mais importante levante judaico contra o nazismo, e foi também a primeira revolta urbana contra os nazistas em áreas da Europa ocupadas pelos alemães.
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