Elias (Elya) Grosmann

Elias nasceu no seio de uma família judia, em uma pequena cidade na região montanhosa do nordeste da Eslováquia. Seus pais eram religiosos, e em sua casa se falava ídiche [OBS: a língua dos judeus do leste da Europa] e húngaro. Seu pai era mascate e sua mãe cuidava de um pequeno armazém. Além de frequentar escolas públicas, Elias também recebeu educação judaica formal e estudou na academia rabínica de Medzilaborce.

1933-39: A maioria da população da cidade era composta por judeus, e todos se preocupavam com a ameaça da Alemanha nazista. A anexação da Áustria (Anschluss) pela Alemanha em 1938 nos alarmou. Alguns partiram para a área do Mandato Britânico [chamada Palestina pelos romanos], porém a nossa liderança religiosa se opunha à criação de um estado judeu naquela região [OBS: muitos judeus acreditavam que deviam aguardar a chegada da época messiânica antes de se mudar para lá]. Eu era um dos poucos sionistas da cidade. Com a criação da Eslováquia independente em março de 1939, o país tornou-se aliado da Alemanha nazista, e instituiu leis anti-semitas. Nós rezávamos suplicando a Deus que nos salvasse.

1940-44: O governo eslovaco "arianizou" os negócios da nossa família [OBS: confiscou] e assim perdemos nossa fonte de sustento. Ao completar 20 anos de idade, fui designado para me juntar a um grupo eslovaco de trabalho forçados que era conhecido como "batalhão kosher" [OBS: kosher = leis da alimentação judaica]. Meu salário era igual ao de qualquer outro soldado, mas em vez de armas eu empunhava uma pá. Trabalhava na construção de estradas. Apesar de duro, foi um trabalho seguro até outubro de 1944, quando as SS nos cercou e nos capturou. Quatro dias depois cheguei a Auschwitz, onde me selecionaram para trabalho escravo ao invés de ser enviado para a câmara de gás.

Em janeiro de 1945, Elias foi transferido para o campo de Flossenburg, e no dia 2 de maio daquele mesmo ano foi libertado por tropas norte-americanas em um local próximo de Dachau. Ele emigrou para os Estados Unidos em 1947.