Ruth tinha quatro anos quando os alemães invadiram a Polônia e ocuparam a cidade onde vivia, Ostrowiec. Sua família foi forçada a ir para um gueto. Os alemães assumiram o comando do negócio de fotografia de seu pai, embora permitissem que ele continuasse a trabalhar na área externa. Antes do gueto ser destruído, os pais de Ruth conseguiram enviar sua irmã para um esconderijo. Eles foram enviados para um campo de trabalho escravo fora do gueto, e Ruth se escondia nas florestas próximas ou no próprio campo. Quando aquele campo foi desmontado [pelos nazistas], os pais de Ruth foram separados pelos alemães. Ruth, com cerca de seis anos, foi apanhada e enviada para diversos campos de concentração, até ser deportada para Auschwitz. Após a Guerra, enquanto não foi possível reencontrar sua mãe, Ruth viveu em um orfanato na Cracóvia.
Como criança, eu meio que aceitava as coisas conforme elas iam acontecendo, porque não havia nada que eu pudesse fazer além de tentar seguir em frente, sobreviver. Por uma razão ou outra, aquela era a coisa mais importante, sobreviver. Era o que eu ouvia todo mundo dizendo: "Ah, nós temos que sobreviver e contar ao mundo o que está acontecendo." Quero dizer, era assim porque era inacreditável. A idéia de que você se evapora em fumaça e cinzas havia se tornado uma realidade, porque as pessoas vinham, um transporte vinha com um monte de pessoas, e elas iam para uma determinada direção e não voltavam mais de lá. Então, a gente sabia que algo acontecia àquelas pessoas, e vendo a fumaça saindo da chaminé contínuamente, principalmente depois da chegada de um grupo de judeus, mesmo com a minha pouca idade dava para juntar os fatos e perceber que sim, é para lá que você vai, para detrás daquelas cercas que têm os cobertores sobre elas, que as árvores encobrem, é pra lá que você vai e não sairá nunca mais. O que estava acontecendo exatamente eu não sabia, só sabia que era daquela chaminé que você saíria. Quando os crematórios estavam funcionando você sentia um gosto adocicado, um gosto tal que a gente nem sentia sequer vontade de comer. Posso dizer honestamente que, durante aquela época, às vezes eu não comia mesmo tendo muita fome porque aquilo era muito repugnante.
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