Oskar Schindler standing (second from right) with some of the people he rescued.

Oskar Schindler

Oskar Schindler é o nome de um dos mais famosos defensores de judeus durante o Holocausto. Durante a Segunda Guerra Mundial, Schindler administrou uma fábrica que empregava judeus que trabalhavam como escravos dos alemães no gueto de Cracóvia, na Polônia. Após testemunhar a brutalidade e a violência dos nazistas contra os judeus, Schindler decidiu proteger o máximo que pôde o maior número de judeus em condições de trabalho escravo.

Fatos-Chave

  • 1

    Oskar Schindler era um oportunista, espião alemão e membro do Partido Nazista. Em 1939, ele chegou à Cracóvia, então ocupada pelos alemães para tentar enriquecer.

  • 2

    Schindler ajudou mais de mil judeus a sobreviverem ao Holocausto.

  • 3

    O filme de Steven Spielberg, vencedor do Oscar, “A Lista de Schindler” (1993), tornou Oskar Schindler um nome mundialmente conhecido.

As respostas de indivíduos não-judeus ao Holocausto variaram e dependiam de muitos fatores. A maioria relutava em ajudar os judeus devido ao medo, por interesse próprio, por ganância, por antissemitismo e crenças políticas ou ideológicas. Outros escolheram ajudar devido às suas convicções religiosas ou morais, ou com base na força dos relacionamentos pessoais. Este artigo é sobre Oskar Schindler, um membro do Partido Nazista que ajudou a resgatar judeus das garras nazistas.

Introdução

Oskar Schindler (1908 - 1974) é um dos mais conhecidos defensores dos judeus durante o Holocausto. Ele ajudou mais de mil judeus a sobreviverem. No entanto, em muitos aspectos, Schindler era uma pessoa muito improvável de se tornar um salvador de israelitas.

Durante o Holocausto, as pessoas que escolheram ajudar os judeus o faziam por uma série de motivos. Muitas delas mencionavam suas crenças religiosas ou seus princípios morais e éticos; no entanto, Oskar Schindler não era religioso, e nada em sua biografia sugere que ele tenha sido um homem moralmente íntegro. Ele era um oportunista ganancioso, um espião alemão e um membro do Partido Nazista; teve diversos casos extraconjugais; e, repetidamente, administrou mal suas finanças, além de não pagava os empréstimos recebidos. Schindler tinha 31 anos quando chegou a Cracóvia, na Polônia ocupada pela Alemanha, com o objetivo de enriquecer.

Ao longo dos anos que passou na Cracóvia, Schindler passou por uma transformação lenta, e eventualmente decidiu usar sua nova riqueza e sua posição de influência para ajudar os judeus.

A aparente contradição entre o caráter de Schindler e suas ações é uma das razões pelas quais tantas pessoas se interessam por ele.

Oskar Schindler: Histórico

Oskar Schindler nasceu em 28 de abril de 1908, em Zwittau, um Marquesato do Império Austro-Húngaro (atual Svitavy, na República Checa). Quando o Império Austro-Húngaro se dissolveu no final da Primeira Guerra Mundial, Schindler tornou-se cidadão da recém-formada Tchecoslováquia, embora tivesse etnia alemã. Isso significava que Schindler falava alemão e se considerava alemão.

Em 1928, Schindler casou-se com Emilie Pelzl. No final da década de 1920 e início da de 1930, ele teve uma série de empregos. Assim como outros cidadãos checoslovacos do sexo masculino, Schindler prestou o serviço militar obrigatório por um breve período.

Schindler, o Nazista

Embora Schindler não tenha vivido na Alemanha nazista na década de 1930, seu envolvimento com o movimento nazista iniciou-se nos meados dos anos 30. Naquela época, o apoio ao nazismo estava crescendo entre os alemães étnicos que viviam na então Tchecoslováquia. Em 1935, Schindler juntou-se ao Partido Alemão dos Sudetos (Sudetendeutsche Partei) chefiado por Konrad Henlein; e o envolvimento de Schindler com a Alemanha nazista foi além de sua associação com este partido político.

Até 1936, Schindler trabalhava como espião para a Alemanha nazista. Ele era agente do escritório de inteligência militar da Alemanha, chamado Abwehr, razão pela qual a polícia da Tchecoslováquia o aprisionou por traição em julho de 1938. Mesmo assim, Schindler não enfrentou consequências mais fortes por seus crimes. Pouco após sua prisão, a Alemanha nazista anexou a Região dos Sudetas (uma região da Checoslováquia onde se falava majoritariamente alemão) como parte do Acordo de Munique. Como consequência, Schindler foi libertado da prisão em outubro de 1938. Ele imediatamente se inscreveu como candidato a membro do Partido Nazista e, em fevereiro de 1939, ele recebeu a filiação provisória.

Após sua libertação, Schindler continuou trabalhando para a Abwehr. Ele apoiou a agressão territorial da Alemanha nazista contra a Checoslováquia e a Polônia. Em março de 1939, a Alemanha nazista invadiu e ocupou as terras da Checoslováquia, as quais os nazistas passaram a governar sob o título de Protetorado da Boêmia e Morávia. Em seguida, em 1º de setembro de 1939, a Alemanha nazista invadiu a Polônia, dando assim início à Segunda Guerra Mundial.

A Aquisição de Empresas de Judeus por Schindler na Polônia Ocupada

Entrance to Oskar Schindler's enamel works in Zablocie, a suburb of Krakow.

Vista da entrada da fábrica de esmaltes de Oskar Schindler em Zablocie, um subúrbio da cidade de Cracóvia. Polônia, 1939 - 1944.

Créditos:
  • USHMM, courtesy of Leopold Page Photographic Collection
  • US Holocaust Memorial Museum

Após a invasão e ocupação da Polônia pelos alemães, Schindler se mudou para a cidade de Cracóvia. Naquela época, ele ainda trabalhava para a Abwehr como um agente da inteligência, embora sua tarefa exata não seja bem conhecida.

Em Cracóvia, Schindler tornou-se um “abutre” de guerra. As autoridades alemãs nazistas rapidamente começaram a confiscar propriedades privadas, tanto de poloneses judeus quanto de não-judeus. Schindler participou deste processo de pilhagem generalizada. Ele chegou a assumir à frente de diversos negócios confiscados, esperando usá-los para construir uma fortuna.

Mais notoriamente, Schindler alugou e posteriormente adquiriu a Rekord, Ltd., uma fabricante de esmaltes de propriedade judaica. A aquisição da Rekord, Ltd. por Schindler no outono de 1939 foi realizada por meio de um processo oficial de expropriação alemã.

A fábrica da Rekord, Ltd. produzia panelas e frigideiras esmaltadas. Schindler mudou o nome da empresa para Deutsche Emailwarenfabrik (Fábrica Alemã de Esmaltes, ou DEF). A fábrica era frequentemente chamada de "Emalia" (a palavra polonesa para "esmalte"). Schindler também dirigia duas outras empresas em Cracóvia, pelo menos uma das quais roubou de seus proprietários judeus.

Schindler não era um empresário particularmente bom. Ele contou com a ajuda de alguns dos seus antigos proprietários, principalmente com Abraham Bankier, para gerenciar a “Emalia”. Bankier, que era judeu, havia sido co-proprietário da Rekord, Ltd. e a havia administrado antes da Guerra.

Trabalhadores Escravos Judeus na Fábrica de Schindler, “Emalia“, 19401943

Oskar Schindler tirou pleno proveito do sistema de trabalho escravagista que as autoridades alemãs estabeleceram na Polônia, então por eles ocupada.

No início, a maioria dos trabalhadores da fábrica de Schindler eram poloneses não-judeus. Os únicos judeus que ele utilizou foram Bankier e alguns outros gerentes. Em algum momento entre 1941 e 1942, Schindler começou a utilizar na fábrica “Emalia” judeus escravos do gueto de Cracóvia.

Schindler usou o trabalho escravo de judeus porque era mais barato do que ter que pagar para ter trabalhadores poloneses não-judeus. Na Polônia então ocupada pelos alemães, os proprietários de fábricas como Schindler geralmente não pagavam os trabalhadores escravos judeus por seu trabalho, apenas pagavam às SS uma taxa diária de “aluguel” dos mesmos.

Os proprietários das fábricas tinham liberdade para abusar e sobrecarregar os trabalhadores escravos judeus. No entanto, relatos de sobreviventes indicam que Schindler tratava bem seus trabalhadores na “Emalia”.

Intervenção de Schindler em uma Ação de Deportação - Junho de 1942

O maltrato e assassinato de judeus pelos alemães afetava diretamente a Schindler e à sua fábrica. No verão de 1942, as autoridades alemãs começaram a deportar milhares de judeus do gueto de Cracóvia para o campo de extermínio de Belzec. Em junho, quatorze dos trabalhadores escravos judeus de “Emalia”, dentre eles Abraham Bankier, foram selecionados pelos nazistas para deportação. Schindler interveio pessoalmente para impedi-los de serem deportados. É claro que ele precisava deles para manter sua fábrica funcionando; o que não está claro é se, naquela época, Schindler sabia qual o destino do trem ou sobre o centro de extermínio de Bełżec. Independentemente de suas motivações, a intervenção de Schindler quase que certamente salvou suas vidas.

Os Contatos de Schindler Com um Grupo Judaico de Resgate

Além dos seus próprios esforços para ajudar prisioneiros judeus na Cracóvia, Schindler também estabeleceu laços com uma rede de auxílio judaica mais ampla.

A partir do final de 1942, Schindler começou a trabalhar com o Comitê de Socorro e Resgate, que era uma organização de ajuda judaica com sede em Budapeste, na Hungria. O Comitê era liderado por judeus húngaros, incluindo Joel Brand e Rudolf Kasztner. Schindler atuou como mensageiro, e ajudou os prisioneiros judeus, repassando-lhes dinheiro, cartas e informações.

Em novembro de 1943, Schindler viajou para Budapeste. Lá, ele forneceu ao Comitê informações sobre o assassinato em massa de judeus na Polônia ocupada pelos alemães.

A Proteção de Schindler aos Judeus Durante a Destruição do Gueto de Cracóvia - Março de 1943

Em 1943, Schindler envolveu-se mais diretamente na ajuda aos judeus. Em março daquele ano, os alemães dissolveram o gueto de Cracóvia e assassinaram muitos dos moradores remanescentes. Durante a liquidação do gueto, Schindler protegeu seus trabalhadores judeus, instruindo-os a permanecer na fábrica durante a noite. Como consequência, esses trabalhadores judeus sobreviveram à ação brutal e letal dos nazistas. Posteriormente, os prisioneiros que trabalhavam em “Emalia” foram enviados do gueto para o campo de trabalho escravo de Plaszow, nas proximidades.

Os motivos que impulsionaram as minhas ações e a minha mudança interior foram o testemunho diário do sofrimento insuportável do povo judeu e a brutal ocupação [alemã]... nos territórios ocupados.
— Oskar Schindler

A “Emalia” como Refúgio para os Prisioneiros Judeus de Plaszow - 19431944

Após a destruição do gueto de Cracóvia, Schindler continuou a utilizar trabalhadores escravos judeus na “Emalia”. Inicialmente, esses escravos viviam no campo de trabalho de Plaszow e viajavam para a fábrica para trabalhar, a vários quilômetros de distância. Mais tarde, eles foram abrigados em um campo na área da fábrica de Schindler.

A Amizade de Schindler com o Comandante de Plaszow, Amon Göth

Em Plaszow, os prisioneiros eram submetidos a dificuldades extremas e a atos aleatórios de violência sob o comando do chefe das SS, Amon Göth. Göth comandou Plaszow de fevereiro de 1943 a setembro de 1944. Ele era infame por sua crueldade excessiva e sádica. Ele frequentemente atirava nos prisioneiros da varanda de seu casarão, e também realizava execuções arbitrárias. Schindler fez amizade com Göth e frequentou festas regadas a álcool em seu casarão, utilizando esta relação pessoal para subornar Göth e conseguir favores. Isto permitiu que Schindler operasse sua fábrica com mais sucesso, além dele poder ajudar aos prisioneiros judeus.

O Campo de Schindler em “Emalia” - 19431944

Em algum momento de 1943, Schindler convenceu Göth a permitir que os escravos judeus passassem a viver em tempo integral fora de Plaszow, em um campo da fábrica de “Emalia”. O campo estava localizado no terreno do complexo fabril de empresa. Os escravos judeus que viviam no campo trabalhavam para a “Emalia e três outras fábricas próximas.

As condições no campo da “Emalia” eram muito melhores do que no campo principal de Plaszow. Schindler e o proprietário da fábrica austríaca, Julius Madritsch, conseguiam obter alimentos extras para os prisioneiros no mercado clandestino.

Em janeiro de 1944, as SS mudaram a designação de Plaszow de campo de trabalho escravo para campo de concentração. O campo “Emalia” passou a ser oficialmente designado como subcampo Zabłocie. No verão de 1944, havia cerca de 1.450 prisioneiros judeus naquele subcampo.

Em algum momento dentre os anos de 1943 ou 1944, Schindler adicionou uma fábrica de armamentos à “Emalia”. Prisioneiros judeus construíram a fábrica, que foi concluída no final do verão de 1944.

O Fim do Campo de de Schindler, o “Emalia”- Verão de 1944

Durante o verão de 1944, o exército soviético avançou pela Polônia, e seguiu rumo à cidade de Cracóvia. As autoridades alemãs começaram a evacuar prisioneiros de Plaszow e seus subcampos, incluindo o de “Emalia”. As autoridades também ordenaram a transferência das fábricas de armamentos localizadas na Polônia para o interior da Alemanha, dentre elas a fábrica de armamentos de Schindler, “Emalia”.

Centenas de prisioneiros judeus foram retirados da proteção de Schindler quando foram enviados de “Emalia” de volta para Plaszow. Muitos foram imediatamente colocados em vagões de carga superlotados, de onde foram transferidos para o campo de concentração de Mauthausen. Alguns prisioneiros se lembraram de como Schindler tentou ajudá-los de uma forma pequena, mas significativa, até mesmo no último momento. Ele subornou Göth e os guardas das SS para que dessem água aos prisioneiros na estação em Plaszow e a caminho de Mauthausen. Assim que o trem deixou Plaszow, Schindler não pôde mais ajudar aquelas pessoas.

Os esforços de Schindler em “Emalia” continuavam sendo importantes. Schindler garantiu que os prisioneiros de “Emalia” fossem protegidos e relativamente bem alimentados na fábrica. Isso significava que eles tinham uma chance maior de sobreviver às condições extremas de Mauthausen. 

Àquela altura, apenas cerca de 300 judeus prisioneiros permaneceram em “Emalia” com Schindler. A tarefa deles era ajudar Schindler a desmontar a fábrica de armamentos e prepará-la para uma mudança para outro local.

Transferência da Fábrica de Armamentos para Brünnlitz - Outono de 1944

Construction of Oskar Schindler's armaments factory in Bruennlitz.

Construção da fábrica de armamentos de Oskar Schindler em Brněnec, Tchecoslováquia.  Outubro de 1944.

Créditos:
  • US Holocaust Memorial Museum, courtesy of Leopold Page Photographic Collection

No outono de 1944, Schindler recebeu permissão para transferir sua fábrica de armamentos para a cidade de Brünnlitz (Brněnec) no Protetorado da Boêmia e Morávia (atual República Checa).

O campo de trabalho de Brünnlitz era um subcampo do campo de concentração Gross-Rosen. As autoridades alemãs transferiram cerca de mil prisioneiros judeus de Plaszow para Brünnlitz para trabalhar na fábrica de Schindler. Entre eles estavam 700 homens e 300 mulheres. Para os prisioneiros judeus de Plaszow, ser transferidos para Brünnlitz significava ter maiores chances de sobrevivência; e aqueles enviados para outros campos de concentração enfrentaram condições mais severas.

É Verdade que Oskar Schindler Elaborou uma Lista?

Oskar Schindler não fez uma lista. O conceito de "A Lista de Schindler" é uma referência aos esforços de resgate de Schindler durante o Holocausto. Em geral, imagina-se que se trate de uma lista de prisioneiros que foram resgatados por Schindler; e mais especificamente, a expressão é frequentemente associada aos nomes dos prisioneiros que foram transferidos do campo de concentração de Plaszow para a fábrica de Schindler em Brünnlitz.

Não havia apenas uma lista de transferência de Plaszow para Brünnlitz. Havia listas separadas para homens e mulheres, e os nomes nas listas foram alterados por várias vezes. Além disso, aquelas listas de transferência não foram elaboradas por Schindler, que não tinha a palavra final sobre os nomes. As listas foram, na realidade, preparadas por Marcel Goldberg, um prisioneiro judeu encarregado de trabalhar como escrivão para as SS no campo principal de Plaszow. Ele elaborou listas separadas de prisioneiros e prisioneiras para que fossem transferidos para a fábrica de Schindler em Brünnlitz.

As listas compiladas por Goldberg incluíam alguns dos trabalhadores judeus das fábricas de Schindler e Madritsch, assim como seus familiares. As listas também incluíam alguns prisioneiros judeus de renome e suas famílias. Alguns prisioneiros subornaram Goldberg para serem adicionados à lista; outros foram apenas tiveram sorte.

A maioria das pessoas transferidas de Plaszow para Brünnlitz não tinha trabalhado para Oskar Schindler na “Emalia”. Naquela época, Schindler não conhecia a maioria deles pessoalmente.

Os Transportes de Prisioneiros para Brünnlitz - Outono de 1944

O transporte de prisioneiros de Plaszow para Brünnlitz foi caótico. Durante o transporte, os prisioneiros foram temporariamente removidos da supervisão de Schindler, e ele não teve como protegê-los.

Os prisioneiros foram transferidos para Brünnlitz passando por Gross-Rosen, e apenas alguns dias depois chegaram a Brünnlitz. No entanto, as mulheres foram transferidas através de Auschwitz-Birkenau, onde ficaram detidas por três semanas. Para as prisioneiras, o tempo que passaram em Auschwitz-Birkenau foi aterrorizante, perigoso e degradante. Uma prisioneira idosa contraiu tifo e morreu. As mulheres chegaram ao campo de Brünnlitz em meados de novembro de 1944. É provável que Schindler tenha intervindo por meio de um mensageiro para assegurar a libertação delas. Ao contrário do que se acredita popularmente, ele não foi lá pessoalmente.

Nos campos de Gross-Rosen e Auschwitz, alguns prisioneiros foram removidos das listas de transporte de Brünnlitz e substituídos por outros aprisionados.

Os Esforços de Resgate por Schindler em Brünnlitz

Os esforços de resgate mais importantes de Schindler ocorreram no campo de Brünnlitz durante os últimos meses desesperados da Segunda Guerra Mundial. Desde o estabelecimento do campo em outubro de 1944 até sua libertação em maio de 1945, Schindler dedicou-se a salvar os prisioneiros judeus. Foi um empreendimento difícil e arriscado que exigiu que ele gastasse a fortuna que havia feito na Cracóvia.

Proteção dos Prisioneiros contra as SS

Como Brünnlitz era um subcampo de Gross-Rosen, ele era administrado por um comandante das SS e guardado por membros daquelas tropas. Schindler temia constantemente que o comandante das SS resolvesse destruir o campo e assassinar os prisioneiros judeus. Para proteger os prisioneiros judeus das SS, Oskar e Emilie Schindler passaram a morar em um apartamento no local.

Aquisição de Alimentos e Remédios em Brünnlitz

Em Brünnlitz, Emilie Schindler ajudou Oskar a obter alimentos e remédios escassos. Schindler pagou por eles com seus recursos. Este foi o primeiro papel relevante de Emilie nos esforços de resgate de Oskar. Habitantes do local também ajudaram a fornecer secretamente comida aos prisioneiros.

Falsificação dos Dados de Produção para Salvar os Judeus

A fábrica de Brünnlitz foi classificada como uma fábrica de armamentos. Isto foi essencial para a sua existência contínua. Schindler alegou que os prisioneiros eram todos trabalhadores qualificados que fabricavam armamentos para ajudar o esforço de guerra alemão. Na realidade, nem todos trabalhavam na fábrica, e aqueles que lá trabalhavam, não realizavam muito. Ao todo, a fábrica produziu apenas um vagão de munições.

Com a ajuda dos prisioneiros judeus Itzhak Stern e Mietek Pemper, Schindler criou dados de produção falsos para enganar as autoridades nazistas alemãs. Essa fraude foi necessária para evitar que as SS fechassem o acampamento.

Ajuda a Outros Prisioneiros

Quando outros prisioneiros chegaram à região, os Schindlers decidiram cuidar deles em Brünnlitz. Ao todo, lá chegaram três transportes de prisioneiros de outros campos. Os Schindlers os levaram para Brünnlitz, onde lhes forneceram atendimento médico e alimentação.

Em 18 de abril de 1945, uma lista de prisioneiros de Brünnlitz continha 1.098 nomes (801 homens e 297 mulheres). Nela estavam incluídos tanto os nomes dos judeus transferidos de Plaszow quanto os dos recém-chegados. Esta lista às vezes é considerada como sendo "A Lista de Schindler".

Libertação

O campo de Brünnlitz foi libertado em maio de 1945. Os Schindler deixaram Brünnlitz em 9 de maio de 1945, pouco antes das tropas soviéticas chegarem ao campo. Eles fugiram para o Oeste, temendo cair nas mãos soviéticas. Antes de partir, os prisioneiros judeus deram a Oskar um anel de ouro e uma declaração assinada atestando seus esforços para ajudá-los. Os Schindlers eventualmente chegaram à Zona Americana da Alemanha, então sob ocupação dos países Aliados.

A Vida de Schindler Após a Segunda Guerra Mundial

Após a Segunda Guerra Mundial, Schindler e sua esposa não puderam retornar à Tchecoslováquia, pois suas atividades antes da Guerra como espião alemão fizeram com que ele fosse considerado um criminoso de guerra naquele país. Sua origem alemã também o tornou indesejado na Tchecoslováquia do período pós-Guerra. Após a Segunda Guerra Mundial, o país expulsou sua população da etnia alemã.

Os Schindlers se estabeleceram por vários anos na cidade de Regensburg, na zona de ocupação americana na Alemanha. Lá, eles enfrentaram dificuldades financeiras. Schindler repetidamente buscava ajuda junto aos seus ex-prisioneiros judeus e organizações judaicas de auxílio. Ele procurou indenização financeira do Comitê Conjunto de Distribuição Judaico Americano (o “Joint Committee”) pelo dinheiro que havia gasto para resgatar judeus. Schindler afirmou ter gastado 2,64 milhões de Reichsmarks (aproximadamente um milhão de dólares americanos na época). Mais tarde, ele também solicitou uma indenização ao governo da Alemanha Ocidental pelas perdas sofridas por sua fábrica.

Em 1949, Oskar e Emilie imigraram para a Argentina. Lá, Oskar tentou abrir um negócio bem-sucedido, mas não conseguiu e se endividou. Em 1957, Schindler retornou sozinho à Alemanha. Ele se separou de Emilie, embora eles não tenham chegado a se divorciar. Schindler faleceu na Alemanha em outubro de 1974, mas foi enterrado em Israel.

Muitos dos judeus que Schindler ajudou continuaram fiéis a ele após a Guerra. Eles são frequentemente chamados de Schindlerjuden ou “os judeus de Schindler”.

Schindler: Um Nome Conhecido

Oskar Schindler não era famoso durante a Segunda Guerra Mundial. Seu nome só se tornou conhecido graças aos esforços dos judeus de Schindler.

A partir da década de 1940, alguns judeus de Schindler começaram a divulgar a história dele. No século 20, a história de Schindler foi retratada através de jornais, livros e filmes. Em 1957, um ensaio escrito por Schindler foi incluído em um livro alemão sobre os salvadores de judeus durante o Holocausto.

Foi o filme de 1993, “A Lista de Schindler”, que tornou Oskar Schindler muito conhecido. Dirigido por Steven Spielberg, o filme recebeu ampla aclamação do público e da crítica. O filme ganhou sete estatuetas do Oscar, incluindo a de Melhor Filme na premiação de 1994. O filme de Spielberg foi amplamente baseado no romance de 1982, Schindler's List (originalmente intitulado Schindler's Ark), escrito por Thomas Keneally. Keneally colaborou de perto com Leopold Page, um dos judeus salvos por Schindler.

O romance e o filme introduziram a história de Schindler ao público dos EUA. Entretanto, ambos os relatos contêm algumas imprecisões.

Schindler Como Salvador

A falta de escrúpulos e o oportunismo de Oskar Schindler fizeram dele um protetor eficaz de seus prisioneiros judeus; no entanto, estas mesmas características também levaram Schindler a se comportar de maneiras menos honrosas. Por conta disso, seu status como salvador tem sido controverso.

Por exemplo, na década de 1960, sua indicação ao prémio “Justos entre as Nações”, conferido pelo Yad Vashem, a instituição nacional de Israel para a lembrança dos mortos no Holocausto, foi controversa. Muitos judeus ligados a Schindler apoiaram sua nomeação. No entanto, dois judeus da Cracóvia acusaram Schindler, de maneira crível, de roubo e abuso durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial. Apesar destas acusações, Schindler foi convidado pelo Yad Vashem, em Jerusalém, para plantar uma árvore em sua homenagem. A cerimônia do plantio aconteceu em 8 de maio de 1962.

No final de 1963, o comitê que concedia o título de "Justos Entre as Nações" decidiu não estender formalmente esta honraria a Schindler; mas em 1993, o Yad Vashem. reverteu decisão e concedeu o título a Oskar e Emilie Schindler em conjunto.

Oskar Schindler é muito conhecido como um herói que atuou como salvador dos judeus durante o Holocausto. Sua história demonstra a complexidade e os desafios das ações de resgate dos prisioneiros.

In Yad Vashem, the Israeli national institution of Holocaust commemoration, Oskar Schindler plants a tree in honor of his rescue ...

No Yad Vashem, a instituição israelense de lembrança do Holocausto, Oskar Schindler planta uma árvore comemorando seus esforços de resgate. Jerusalém, Israel, 1962.

Créditos:
  • US Holocaust Memorial Museum, courtesy of Leopold Page Photographic Collection

Pés-de-página

  1. Footnote reference1.

    Em 1943, o campo de “Emalia” era algumas vezes chamado de Judenlager (campo de judeus) ou Nebenlager (campo auxiliar). Este campo era subordinado ao de Plaszow.

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